A desmoralização e munificência dos veículos de comunicação brasileiros
Os editores estão tão ousados na prática antiética do jornalismo tradicional que se dignam a utilizar a imagem de pessoas que nada têm a ver com o fato, incluindo-as como réus em suas matérias-bombas
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Já virou rotina nas redações dos jornalões e revistonas brasileiras a cultura do sensacionalismo barato para vender mais e mais exemplares diuturnamente. Uma prática tão arcaica quanto o próprio advento desses veículos de comunicação.
Em diálogos de Platão, Sócrates diz: "Ora, eu, quando dizias isso, supunha que a oratória jamais seria uma coisa injusta, porque tratava invariavelmente da justiça; como, porém, pouco depois dizias que o orador podia servir-se da oratória também para fins injustos, assombrei-me; os termos me pareciam discordar entre si; por isso me manifestei daquela forma: se achavas, como eu, vantajoso ser confutado, valia a pena o debate; caso contrário, que o abandonássemos. Mais adiante, em nosso exame – tu mesmo o vês – concluímos, ao invés, que um orador é incapaz de usar da oratória para fins injustos e de querer delinquir." (Górgias, 461a-b)[4].
Hoje em dia, essa oratória a que se refere o texto acima, do personagem "Górgias de Leontinos", vem de forma escrita em manchetes de capas impressas em matérias principais ou através de reproduções em telejornais importantes; e pasmem! Por veículos que deveriam informar ao invés de propagar notícias inverídicas e caluniosas. Servem-se do poder herdados de suas aristocráticas famílias, coincidentemente para fins injustos.
Assombrados estão todos aqueles que, como Sócrates, ao ver cada manchete caluniosa, uma sequência de "pedidos de desculpas" virou praxe em locais cada vez pequenos, distantes e menos visíveis pelo público leitor, nas rigorosas páginas desses mesmos veículos.
Sim, querem delinquir! Estão desqualificando e desonrando a profissão de jornalista com essas práticas diariamente no Brasil.
Onde está o Ministério Público, que não vê em alguns de seus integrantes a conivência para massificar mais e mais essa odiosa indústria da calúnia e difamação?
Onde estão os órgãos reguladores e protetivos dos profissionais de comunicação e mídia no País: ANJ, ANER, ABI, FENAJ, Sindicato dos Jornalistas? Será que estão no mesmo sono sorumbático a que se encontram os principais tribunais nacionais, que veem tudo isso e nada fazem?
Ahhhh! E se não fosse a LEI Nº 13.188, DE 11 DE NOVEMBRO DE 2015, onde estaria o direito de resposta?
Art. 2o Ao ofendido em matéria divulgada, publicada ou transmitida por veículo de comunicação social é assegurado o direito de resposta ou retificação, gratuito e proporcional ao agravo.
Art. 4o A resposta ou retificação atenderá, quanto à forma e à duração, ao seguinte:
I - praticado o agravo em mídia escrita ou na internet, terá a resposta ou retificação o destaque, a publicidade, a periodicidade e a dimensão da matéria que a ensejou;
Quem dera que fosse assim... Na prática a resposta nem sempre ou quase nunca tem o destaque, a publicidade e a dimensão da matéria em questão ao direito de resposta.
Os editores estão tão ousados na prática antiética do jornalismo tradicional que se dignam a utilizar a imagem de pessoas que nada têm a ver com o fato, incluindo-as como réus em suas matérias-bombas, que mais se assemelham a decisões judiciais precipitadas e sem o direito ao contraditório.
Teve até um certo cartunista do Sul, com uma majestosa cara de pau, que incluiu na sua "arte do mal" uma charge do ex-presidente Lula, em episódio a que se referia a outro ex-presidente, o velho Papa da imprensa brasileira – Fernando Henrique Cardoso. Ou seja, instruído, comandado ou não, distorceu completamente o sentido da crítica, imputando a um o pecado do outro.
Se as coisas continuarem desse jeito, vou ter pena dos futuros jornalistas, que passam cinco anos na academia para aprenderem que na prática tudo o que aprenderam não funciona. Ou seja, de um bom tempo pra cá, as palavras ética, respeito e profissionalismo desapareceram dos computadores, tablets ou smartphones das redações dos principais veículos de comunicação do Brasil.
Será que a imprensa marrom-cocô vai conseguir, com essa prática abusiva, exterminar as cadeiras: Raciocínio Lógico, Entrevista e Pesquisa Jornalística, Ética na Comunicação e Responsabilidade Social e Ambiental, do curso superior de Jornalismo e imprimir permanente nos anais da comunicação correta a política do "Podemos tirar se achar melhor"? Espero que não!
Um bom título para ilustrar a próxima manchete espetaculosa desses veículos de descomunicação, que diariamente confundem "comunicação de massa" com "produção de massa": Exclusivo: os cocôs de Dilma e Lula não vão para a reciclagem!
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