A desmoralização e munificência dos veículos de comunicação brasileiros

Os editores estão tão ousados na prática antiética do jornalismo tradicional que se dignam a utilizar a imagem de pessoas que nada têm a ver com o fato, incluindo-as como réus em suas matérias-bombas

Os editores estão tão ousados na prática antiética do jornalismo tradicional que se dignam a utilizar a imagem de pessoas que nada têm a ver com o fato, incluindo-as como réus em suas matérias-bombas
Os editores estão tão ousados na prática antiética do jornalismo tradicional que se dignam a utilizar a imagem de pessoas que nada têm a ver com o fato, incluindo-as como réus em suas matérias-bombas (Foto: Ricardo Fonseca)


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Já virou rotina nas redações dos jornalões e revistonas brasileiras a cultura do sensacionalismo barato para vender mais e mais exemplares diuturnamente. Uma prática tão arcaica quanto o próprio advento desses veículos de comunicação.

Em diálogos de Platão, Sócrates diz: "Ora, eu, quando dizias isso, supunha que a oratória jamais seria uma coisa injusta, porque tratava invariavelmente da justiça; como, porém, pouco depois dizias que o orador podia servir-se da oratória também para fins injustos, assombrei-me; os termos me pareciam discordar entre si; por isso me manifestei daquela forma: se achavas, como eu, vantajoso ser confutado, valia a pena o debate; caso contrário, que o abandonássemos. Mais adiante, em nosso exame – tu mesmo o vês – concluímos, ao invés, que um orador é incapaz de usar da oratória para fins injustos e de querer delinquir." (Górgias, 461a-b)[4].

Hoje em dia, essa oratória a que se refere o texto acima, do personagem "Górgias de Leontinos", vem de forma escrita em manchetes de capas impressas em matérias principais ou através de reproduções em telejornais importantes; e pasmem! Por veículos que deveriam informar ao invés de propagar notícias inverídicas e caluniosas. Servem-se do poder herdados de suas aristocráticas famílias, coincidentemente para fins injustos.

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Assombrados estão todos aqueles que, como Sócrates, ao ver cada manchete caluniosa, uma sequência de "pedidos de desculpas" virou praxe em locais cada vez pequenos, distantes e menos visíveis pelo público leitor, nas rigorosas páginas desses mesmos veículos.

Sim, querem delinquir! Estão desqualificando e desonrando a profissão de jornalista com essas práticas diariamente no Brasil.

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Onde está o Ministério Público, que não vê em alguns de seus integrantes a conivência para massificar mais e mais essa odiosa indústria da calúnia e difamação?

Onde estão os órgãos reguladores e protetivos dos profissionais de comunicação e mídia no País: ANJ, ANER, ABI, FENAJ, Sindicato dos Jornalistas? Será que estão no mesmo sono sorumbático a que se encontram os principais tribunais nacionais, que veem tudo isso e nada fazem?

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Ahhhh! E se não fosse a LEI Nº 13.188, DE 11 DE NOVEMBRO DE 2015, onde estaria o direito de resposta?

Art. 2o Ao ofendido em matéria divulgada, publicada ou transmitida por veículo de comunicação social é assegurado o direito de resposta ou retificação, gratuito e proporcional ao agravo.

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Art. 4o A resposta ou retificação atenderá, quanto à forma e à duração, ao seguinte:

I - praticado o agravo em mídia escrita ou na internet, terá a resposta ou retificação o destaque, a publicidade, a periodicidade e a dimensão da matéria que a ensejou;

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Quem dera que fosse assim... Na prática a resposta nem sempre ou quase nunca tem o destaque, a publicidade e a dimensão da matéria em questão ao direito de resposta.

Os editores estão tão ousados na prática antiética do jornalismo tradicional que se dignam a utilizar a imagem de pessoas que nada têm a ver com o fato, incluindo-as como réus em suas matérias-bombas, que mais se assemelham a decisões judiciais precipitadas e sem o direito ao contraditório.

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Teve até um certo cartunista do Sul, com uma majestosa cara de pau, que incluiu na sua "arte do mal" uma charge do ex-presidente Lula, em episódio a que se referia a outro ex-presidente, o velho Papa da imprensa brasileira – Fernando Henrique Cardoso. Ou seja, instruído, comandado ou não, distorceu completamente o sentido da crítica, imputando a um o pecado do outro.

Se as coisas continuarem desse jeito, vou ter pena dos futuros jornalistas, que passam cinco anos na academia para aprenderem que na prática tudo o que aprenderam não funciona. Ou seja, de um bom tempo pra cá, as palavras ética, respeito e profissionalismo desapareceram dos computadores, tablets ou smartphones das redações dos principais veículos de comunicação do Brasil.

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Será que a imprensa marrom-cocô vai conseguir, com essa prática abusiva, exterminar as cadeiras: Raciocínio Lógico, Entrevista e Pesquisa Jornalística, Ética na Comunicação e Responsabilidade Social e Ambiental, do curso superior de Jornalismo e imprimir permanente nos anais da comunicação correta a política do "Podemos tirar se achar melhor"? Espero que não!

Um bom título para ilustrar a próxima manchete espetaculosa desses veículos de descomunicação, que diariamente confundem "comunicação de massa" com "produção de massa": Exclusivo: os cocôs de Dilma e Lula não vão para a reciclagem!

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