A culpa pelas mortes no Mediterrâneo é dos EUA e sua política de invasões de países petrolíferos
Na verdade, o que os EUA e seus aliados europeus querem fazer é reverter a situação instalada na África com as revoltas coloniais do século XX e voltarem a dominar toda a costa mediterrânea africana
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O mundo enfrenta a pior crise de refugiados desde a Segunda Guerra Mundial, segundo organizações como a Anistia Internacional e a Comissão Europeia.
Se emocionar às lágrimas diante da televisão ao vermos milhares de refugiados de guerra morrerem na tentativa de atravessar o Mediterrâneo para chegar à Europa tem se transformado em rotina desde o ano passado, para povos do mundo inteiro.
Quem, com o coração batendo no lugar, não ficou chocado com a foto do menino sírio, Aylan, de bruços, sem vida, numa praia turca?
Emoção, no entanto, não basta. É necessário se posicionar a respeito. Como entender o que se passa na realidade se a mídia conservadora nacional e internacional trata a questão como resultado de guerra religiosas, guerras centenárias, guerras tribais, ou apenas como o êxodo de povos africanos que sempre viveram na fome e na miséria, resultado de anos de exploração de colônias inglesas, francesas e portuguesas?
Para se posicionar é preciso entender que esta é apenas uma centésima parte da história e das causas das fugas em massa. A verdade é que o grande êxodo do povo sírio, líbio, afegão, dentre outros, – é resultado direto de ações militares dos EUA, sempre iniciados em territórios ricos em petróleo ou outros minérios além de pontos estratégicos da geopolítica mundial, com o intuito de desestabilizar para depois dominar e explorar as riquezas destes países.
Na Síria, de onde partem atualmente a maior parte dos refugiados de guerra, uma ação militar iniciada em 2011, pelo governo dos Estados Unidos, faz parte do esforço de Washington para derrubar a ditadura de Bashar Al Assad, derrotar seus aliados russos e chineses, e tomar posse, entre outras coisas, de reservas estimadas em trilhões de barris de gás e petróleo.
Na verdade, o que os EUA e seus aliados europeus querem fazer é reverter a situação instalada na África com as revoltas coloniais do século XX e voltarem a dominar toda a costa mediterrânea africana. No caso da Síria, está claro, querem neutralizar a presença chinesa e russa, e destruir as duas bases navais russas no país para cortar as vias de suprimento de armas para as organizações pró-xiitas Hisbollah, no Líbano e Hamas, na Palestina.
Na estratégia dos EUA, como se vê há muito tempo, está também a tentativa de conter o avanço da China sobre as fontes de petróleo, e isolar completamente o Irã, após tantas mentiras a respeito do programa nuclear iraniano que nunca foram comprovadas.
Portanto, a matança de homens mulheres, idosos e crianças que acontecem há mais de três anos na Síria é resultado da ação dos EUA no país que sustenta uma unidade de adversários contra o presidente Bashar Al de Assad. Entre eles mercenários pagos a preço de ouro e terroristas do Estado islâmico, todos com o intuito de derrubar o governo constituído, deixando atrás de si um rastro de barbárie- com a derrubada de templos e museus milenares- explosões, morte e dor.
Era deste inferno que a família do menino Aylan - dos quais só restou seu pai- procurava escapar de qualquer maneira.
O que fazer para ajudar aos refugiados que hoje fogem da morte e da destruição de seus países e chegam na Europa cansados, famintos ou doentes e encontram cercas, muros, policiais e cães farejadores como boas vindas ?
Finalmente, após um ano de debates a comunidade europeia está em busca de um acordo de cotas para receber refugiados em todos os países, mas muitos ainda se negam, sob a alegação de que tantos imigrantes vai desestabilizar ainda mais a já difícil situação econômica de países como Itália, Grécia, Espanha e outros.
O Alto Comissariado da ONU para Refugiados, Acnur, estima que em 2014, cerca de 219 mil pessoas conseguiram cumprir o trajeto até a Europa. Trata-se de um número quase quatro vezes maior que o de 2013, quando 60 mil pessoas chegaram até portos europeus.
Somente nos primeiros três meses de 2015, o Acnur estima que 31.500 pessoas cruzaram o Mediterrâneo para chegar à Itália ou à Grécia e pelo menos 3.500 pessoas teriam morrido em acidentes durante as travessias.
Em países ricos como Alemanha, Inglaterra, França, dentre outros, a aceitação de refugiados tem sido motivo de manifestações contrárias por parte dos xenófabos partidos nacionalistas, em projeção de crescimento em vários países europeus.
As classes médias acostumadas a altos padrões de vida em muitos países europeus não querem abrir mão de seus privilégios e entre isso e a morte de refugiados na guerra ou no mar, muitos optam pela primeira hipótese e tendem a votar neste sentido nas próximas eleições.
O imperialismo cria as guerras por questões econômicas, desestrutura países e povos, gera imigração, êxodos, campos de refugiados, raças e etnias são olhadas e consideradas como invasoras, quando na verdade não lhes resta outra opção quando abandonam seus países. São apenas seres humanos em busca de uma vida minimamente normal e digna.
Neste momento, me orgulho no Brasil. Apesar de se encontrar a 10 mil km da Síria, estamos dando uma bela contribuição humanitária nesta tragédia, tendo elevado em quatro vezes o número de vistos concedidos por mês a cidadãos sírios em relação a 2011, data do início da crise.
Segundo dados do Conare (Comitê Nacional para os Refugiados), órgão ligado ao Ministério da Justiça, 2.077 sírios receberam asilo do governo brasileiro de 2011 até agosto deste ano, tratando-se da nacionalidade com mais refugiados reconhecidos no Brasil, à frente da angolana e da congolesa. Os perfis socioeconômicos variam de camponeses a engenheiros, muitos deles com pós graduação.
Atualmente, a emissão do documento está concentrada principalmente nas embaixadas brasileiras em Beirute (Líbano), Amã (Jordânia) e Istambul (Turquia). A representação diplomática em Damasco (Síria) foi fechada em 2012 por motivos de segurança.
Em novembro de 2014 , em um discurso diante do Parlamento Europeu, o papa Francisco pediu que fosse organizada "uma resposta coletiva para a questão da imigração", alertando que o Mediterrâneo não poderia se tornar um "grande cemitério".
Quase um ano depois, não vemos luz ao fim do túnel para a calamitosa situação. Existem menos operações de resgates, menos barcos seguros para as travessias, mais traficantes de pessoas interessados em dinheiro e não em vidas.
Tudo isso tende a se multiplicar se a população mundial aceitar e se calar diante da imposição de guerras de desestabilização de países por parte dos EUA, obedecendo a lógica de multiplicação de ofensivas em escala planetária para colocar em prática a exploração devastadora dos recursos naturais onde quer que eles se encontrem.
A situação da Síria, do Afeganistão, da Líbia, do Líbano, do Irã e muitos outros onde certamente o pesado dedo dos EUA atua, pode ser amanhã a situação da Venezuela, do Brasil, da Argentina, da Colômbia, do Peru, e de toda a América Latina e Caribe, espaço decisivo para a tentativa de recolonização integral por parte dos EUA.
O que se quer agora é desestabilizar Brasil e Argentina, para roubar mais facilmente nosso petróleo, é se intervir de forma velada na Colômbia, é desarticular Cuba, é engordar postos avançados militares no Perú, por meio de golpes como os ocorridos recentemente em Honduras e no Paraguai.
O primeiro passo e objetivo mais imediato da guerra energética americana na América Latina se chama Venezuela.
Devemos ficar atentos. O que vemos longe de nós, em breve pode ser nossa realidade. A Venezuela, que conta com 20% das reservas mundiais de petróleo, já foi declarada por Obama como “ameaça extraordinária” à segurança dos Estados Unidos. Por que um país como a Venezuela representaria perigo para um potencia atômica e bélica como os EUA ? Isso ele não explica.
A mídia ocidental elogiou a chamada primavera árabe que derrubou governos constituídos de acordo com a autodeterminação de seus povos, no Oriente Médio, mas agora não sabem o que fazer com os órfãos de Kadafi, de Sadam Hussein, mortos como ratos, e outros retirados do poder de forma violenta.
Da mesma maneira a grande mídia ocidental critica Maduro, presidente da Venezuela, Cristina, da Argentina, Dilma, no Brasil.
Sabemos que para a Venezuela não restará alternativa suave se depender dos americanos, que já começaram a explorar petróleo em águas de uma região disputada secularmente por Venezuela e Guiana.
Uma vez desestabilizada a Venezuela, quem seria o próximo candidato obrigado a facilitar as multinacionais a exploração de suas reservas de petróleo? O projeto do senador Serra sobre o Pré-Sal, defendido a unhas e dentes pelos tucanos, ilustra enormemente bem minhas preocupações.
A morte do menino sírio e de centenas de famílias nos últimos anos no Mediterrâneo, de líbios, libaneses, palestinos, afegãos, iranianos, iraquianos em guerras forjadas nas últimas décadas pelos americanos e seus aliados, são resultados da estratégia global dos EUA de exploração da humanidade para manter sua supremacia.
E no Brasil, não tenham dúvidas, os aliados do grande capital americano são exatamente os que querem e armam para por meio de um golpe tirar o Partido dos Trabalhadores do poder.
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