A crise nacional do PSB e a disputa pela sigla em AL

Sem uma liderança importante desde a morte do presidenciável Eduardo Campos, o PSB explode em crises por conta da gestão do presidente nacional, Carlos Siqueira

carlos siqueira 
carlos siqueira  (Foto: Voney Malta)


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Sem uma liderança importante desde a morte do presidenciável Eduardo Campos, o PSB explode em crises por conta da gestão do presidente nacional, Carlos Siqueira. Pragmático mas sem visão de futuro e sem musculatura política e baseado penas na cláusula de barreira, ele encaminha estratégias de intervenções em diretórios estaduais onde o partido não tem deputados federais. Acredita que assim vai fazer o partido crescer. No entanto, esquece-se de ouvir os militantes.

Além de decretar intervenção em Alagoas fez o mesmo no Ceará e no Rio Grande do Norte. Há também possibilidade de intervenções na Bahia e no Amazonas. Para tanto, basta que algum deputado federal queira a sigla. Esse é o negócio no supermercado que se transformou o PSB que um dia foi liderado por Miguel Arraes e Eduardo Campos.

Contudo, Siqueira não contava com a reação da militância, especialmente a de Alagoas. Depois que a presidente da executiva estadual, Kátia Born, foi afastada, além de uma série de atos políticos, ela conseguiu uma decisão da judicial, esta semana, que lhe devolve o comando da sigla (os membros da executiva estadual serão reempossados nesta sexta-feira, 11 horas) e afasta o presidente nomeado pela direção nacional, o deputado federal JHC.

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Caso o partido ficasse com o parlamentar, seis prefeitos, três vice-prefeitos e 38 vereadores deixariam o PSB. Some-se a isso a solidariedade da militância nacional e o apoio de antigos aliados de Kátia Born, casos do deputado federal Ronaldo Lessa (PDT), do ex-governador Teotonio Vilela (PSDB), do PPS do ex-deputado federal Régis Cavalcante, do senador Benedito de Lira (PP) e até do governador Renan Filho (PMDB).

Definitivamente, Siqueira e JHC não contavam com tamanha reação. Dentro do PSB há quem avalie que a disputa patrocinada por JHC faz dele "um político que vive o isolamento e agregou sobre si, com a intervenção (golpe), a desconfiança generalizada dos políticos. E por falta de confiança, possíveis futuros candidatos não mais irão para o PSB".

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Bom, no dia 25 de novembro publiquei neste espaço que Kátia Born não foge da briga e iria lutar. Dito e feito. Também afirmei que JHC errou na estratégia para conquistar a sigla e, ganhando ou perdendo, sairia do embate com sua imagem arranhada.

Leia abaixo na íntegra:

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2018: Kátia, JHC e o PSB

Quem conhece a ex-prefeita de Maceió, Kátia Born, sabe que ela – se não existir outra saída - não foge de uma briga. Foi assim que foi forjada desde os tempos em que lutou contra a ditadura, integrou os movimentos sociais, foi vereadora e prefeita por dois mandatos.

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Claro, o tempo passou, sofreu derrota fatal ao tentar conquistar uma vaga na Câmara Federal em 2006. E se hoje está enfraquecida por não ter um mandato e ter perdido o apoio popular, continua a mesma guerreira, ainda mais quando significa a sua própria sobrevivência no comando do PSB.

Talvez - se orientado sobre as características da sua "adversária" interna, o deputado federal teria usado outras estratégia para conquistar o controle do partido. Sem importar a ordem, uma alternativa seria a negociação intensiva ou o afastamento célere dos membros da executiva estadual. Ao que parece nenhuma das duas formas foi usada.

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E Kátia, acuada, parte para o confronto mobilizando o apoio dos membros do partido e atirando, via imprensa e redes sociais, críticas ao estilo de JHC no que lhe é mais caro: a imagem de político moderno, representante do "novo" nesse ofício tão sob suspeição.

Pelo andar da carruagem, mesmo vitorioso JHC sairá do embate com algum desgaste ao derrubar uma personagem histórica e sem suspeição de desonestidade na política. Uma mulher de luta, formada e conhecida nessa seara e que está sendo transformada em vítima do jovem parlamentar.

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E caso não consiga o controle do PSB terá os seus planos de protagonismo prejudicados para o pleito de 2018. Ou seja, o que começa sem análise de cenário e de riscos, sem avaliação de alternativas e possibilidades e sem estratégia de comunicação tende a criar problemas graves, caso algo saia do controle.

Portanto, ou faltou maturidade a JHC ou ele foi mal orientado. Ou as duas possibilidades estão certas. Mesmo que vença essa queda de braço sofrerá ferimentos. A questão agora é calcular quais serão menos profundos e mais rapidamente irão cicatrizar quando se trata da sua imagem no presente e no futuro.

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