A covardia das oposições, do Congresso e da mídia

"A covardia dos congressistas e das oposições é de tal ordem que sequer foram capazes de aprovar uma moção política de censura ao presidente, passo que poderia abrir caminho para um posterior processo de impeachment", escreve o professor Aldo Fornazieri

Jair Bolsonaro e Patricia Campos Mello
Jair Bolsonaro e Patricia Campos Mello (Foto: REUTERS/Adriano Machado | Alice Vergueiro/Abraji)


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O Brasil está dominado por duas polaridades. De um lado, a ousadia celerada de um presidente sem escrúpulos e sem limites, que governa praticando cotidianamente a violência verbal, a violência moral, a agressão contra jornalistas e adversários, a grosseria, a falta de pudor, a falta de bom senso, a falta de responsabilidade, a ausência de civilidade e de educação e a prática sistemática da falta de decoro, crime previsto em lei, desmoralizando a instituição da presidência da República, envergonhando os brasileiros e prejudicando o Brasil. 

De outro lado, a vergonhosa covardia das oposições, do Congresso e da grande mídia. Os agentes dessas instituições, com as suas chorumelas, com seus beicinhos, com os seus mimimis, com suas notas protocolares, promovem uma oposição insossa, insipida, que termina normalizando todas ilegalidades e crimes do presidente da República. As agressões e violências impunes do presidente contra a jornalista Patrícia Campos Mello são o exemplo mais evidente de que o Brasil está sendo arrastado para o abismo da ignominiosa vergonha por se deixar prensar pela ousadia celerada e sem limites de um lado, e pelo covarde temor daqueles que têm o dever de liderar e indicar um rumo de dignidade, de outro.

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O Brasil precisa ser resgatado dessa noite abissal em que se encontra. Este resgate não está mais apenas no reino das palavras, pois estas se mostram plumas ao vento em face das recorrentes investidas violentas e degradantes do presidente. O resgate do Brasil precisa de atos de protesto contra um presidente inescrupuloso e em solidariedade às suas vítimas; precisa de mobilizações em recintos fechados e em ruas e praças abertas; precisa do acionamento de mecanismos legais e institucionais para conter e limitar um presidente que coloca a sua insanidade e seu descontrole emocional a serviço de um poder malévolo, altamente perigoso e danoso para o Brasil. 

A covardia dos congressistas e das oposições é de tal ordem que sequer foram capazes de aprovar uma moção política de censura ao presidente, passo que poderia abrir caminho para um posterior processo de impeachment. A covardia dos donos e controladores  dos meios de comunicação é de tal monta que os mantêm passivos na defesa de seus profissionais ofendidos e agredidos diariamente. Não são capazes de defender aquilo que mais deviam prezar: a liberdade de informação e de expressão. São incapazes de exigir do Congresso e do Judiciário medidas necessárias para conter as sandices do presidente da República.  

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A ousadia celerada e agressora de Bolsonaro não se conterá porque ele sabe que a sua prática intimidadora derruba os débeis limites da covardia das oposições, do Congresso e dos donos dos grandes meios de comunicação. A estratégia de Bolsonaro, ao contrário do que pensam os intimidados líderes de esquerda, não é a de dar um golpe militar clássico, seja porque a conjuntura e os tempos não o permitem, seja porque sequer precisa disso. A sua estratégia consiste em forçar os limites da democracia e do Estado de Direito cotidianamente, impondo recuos aos seus mecanismos de defesa e aos direitos dos cidadãos. A sua estratégia consiste em desmoralizar os mecanismos democráticos e em controlar as instituições de controle e de investigação como as polícias, a Receita, etc.. 

Bolsonaro desmoraliza também as Forças Armadas, admitindo e demitindo generais ao seu bel prazer. Os generais o servem porque sabem que estão sendo privilegiados nos proventos, nas carreiras e na aposentadoria. Esses generais não servem ao Brasil. São escudeiros de um presidente que desmoraliza e envergonha o Brasil. São escravos dos seus privilégios e de seus cargos. Queriam ser tutores de um presidente que o sabiam despreparado e descontrolado. São manipulados por ele.

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