A cloroquina não pode decepcionar a humanidade

"Estou entre os que ficariam satisfeitos se a cloroquina fizesse o que pelo menos metade do Brasil espera que faça", escreve o colunista Moisés Mendes. "Desejo apenas que o remédio adorado pelo bolsonarismo cumpra, com seus efeitos colaterais, o que é hoje sua mais importante missão, em nome da ciência, da humanidade e da História"

Jair Bolsonaro toma cloroquina
Jair Bolsonaro toma cloroquina (Foto: Reprodução | Reuters)


✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no canal do Brasil 247 e na comunidade 247 no WhatsApp.

Se Boris Johnson, Bolsonaro e Trump se ausentassem desse mundo, que falta fariam? Os britânicos, os brasileiros e os americanos perderiam alguma coisa?

Sabe-se que só ganhariam muito. A memória de muitos líderes mundiais considerados insubstituíveis foi submetida, logo depois da morte deles, ao constrangimento de que poderiam ser substituídos. Há exemplos históricos.

continua após o anúncio

Se Johnson, Bolsonaro e Trump morressem hoje, não fariam nenhuma falta e ainda deixariam de atrapalhar o mundo já exausto de todos eles. Até porque não são líderes, mas referências caricatas da direita mundial.

Líderes verdadeiros nem sempre fizeram tanta falta. Franklin Delano Roosevelt, um gigante americano, morreu cinco meses antes do final da Segunda Guerra.

continua após o anúncio

Os Estados Unidos se abalaram. Mas Harry Truman o sucedeu e levou os planos bélicos e os acordos com os aliados adiante, até o bombardeio criminoso de Hiroshima e Nagasaki e a partilha da Europa com os soviéticos.

Se nem Roosevelt foi insubstituível, por que um dos três citados seria? Há contra todos eles, entre outros parceiros do mesmo time, uma torcida para que morram logo. De causas naturais, ou de repente, ou de uma síncope misteriosa, de algo sem explicação.

continua após o anúncio

Valores da democracia parecem não conseguir mais dar conta de nada, depois de sequestrados pela direita e pela extrema direita.

Uma eleição não resolve, porque eles se apropriaram das eleições. Vê-los mortos pode ser a única saída.

continua após o anúncio

O desejo de morte é abafado nas esquerdas pelo esforço para simular bons modos. Mas torcem cada vez mais, silenciosamente ou não, para que o mundo se livre de fascistas declarados ou dissimulados.

É o que acontece agora com Bolsonaro infectado. Não só os anônimos das redes sociais, mas inclusive conhecidos jornalistas golpistas, que ajudaram a criar o sujeito, estão torcendo pela morte de Bolsonaro.

continua após o anúncio

O professor e jornalista Tau Golin, um dos mais respeitados historiadores gaúchos, escreveu no seu perfil no Facebook:

“Não sou hipócrita. Eu torço pelo coronavírus”.

continua após o anúncio

E continuou, referindo-se a Bolsonaro:

“Ele lamenta que a ditadura militar não matou 30 mil brasileiros. Sua política dizima povos indígenas. Sua imobilidade genocida frente à pandemia está contribuindo para a morte de milhares de pessoas, levando a dor e o desespero às famílias. E mais: eu certamente estou na lista daqueles que ele prometeu matar.

continua após o anúncio

Portanto, não sou hipócrita. Eu torço pelo coronavírus, ao menos para fazê-lo lembrar, por um bom período, que ele não é imune e que, inclusive, mesmo se achando um mito, messias também pode cumprir pena de entubação por certo período”.

Bolsonaro experimenta o que Johnson já experimentou. Mas Johnson foi hospitalizado e quase morreu. Ressuscitou para dizer que passaria a agir com vigor contra a pandemia que havia subestimado.

Bolsonaro, por enquanto, só faz vídeos com propaganda da hidroxicloroquina. Quem pode imaginar que vá se arrepender do que disse e fez, só porque foi infectado?

Os próximos dias nos dirão o que aconteceu de fato com Bolsonaro e se ele será fortalecido pelo contágio. No vídeo que divulgou, convidando as pessoas a tomarem o remédio milagroso, seu rosto tem a expressão de um adulto infantilizado que se diverte e se alegra por ter sido contagiado.

Bolsonaro produziu o retrato do negacionista extasiado diante da possibilidade de ter infectado dezenas de pessoas, entre as quais empresários, ministros, assessores e até o embaixador dos Estados Unidos.

Estou entre os que ficariam satisfeitos se a cloroquina fizesse o que pelo menos metade do Brasil espera que faça.

Desejo apenas que o remédio adorado pelo bolsonarismo cumpra, com seus efeitos colaterais, o que é hoje sua mais importante missão, em nome da ciência, da humanidade e da História.

iBest: 247 é o melhor canal de política do Brasil no voto popular

Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:

Este artigo não representa a opinião do Brasil 247 e é de responsabilidade do colunista.

Comentários

Os comentários aqui postados expressam a opinião dos seus autores, responsáveis por seu teor, e não do 247

continua após o anúncio

Ao vivo na TV 247

Cortes 247