A cidade excludente

A razão cínica que impregna o modelo excludente de desenvolvimento urbano da cidade de Maceió pensa exatamente estratégias utilitaristas que aprofundam as desigualdades e a exclusão de muitos em proveito da apropriação das riquezas para poucos



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As cidades hodiernas se caracterizam por complexas aglomerações urbanas para onde migraram as multidões de todo o mundo no século 21, transformando-se em grandes agrupamentos urbanos, verdadeiros "templos da desigualdade", palcos de diversas e combinadas formas de exclusão e espoliação de direitos.

Recentemente em Maceió, no início de tarde de uma ensolarada sexta-feira, uma cena urbana insueta, e que quase passou despercebida, revelou a crueza da cidade excludente. Um grupo de cadeirantes utilizando uma marreta quebrou a calçada na Avenida Menino Marcelo, conhecida popularmente como Via Expressa, em frente à faixa de pedestres e em direção aos pontos de ônibus no entorno de um supermercado local.

O ato da mais genuína e legitima desobediência civil, já tinha ocorrido em abril de 2015, no centro nevrálgico do tráfego de Maceió, na Avenida Fernandes Lima. De lá para cá, pouco ou nada foi feito.

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Maceió segue sendo uma cidade perversamente excludente. Exclusão que se reproduz nas políticas urbanísticas praticadas pela Prefeitura de Maceió e que se perpetua no silêncio eloquente dos órgãos públicos constitucionalmente responsáveis pela garantia do acesso de todas as pessoas à cidade e por uma cidadania apática inoculada pela epidemia pestilenta da antipolítica que assola o país.

A acessibilidade em Maceió é quase zero. Faltam rampas e as que existem são tecnicamente imprestáveis, com inclinação inadequada, dificultando ainda mais a livre e segura locomoção dos cadeirantes nas ruas da cidade. A acessibilidade nos ônibus de Maceió também é bastante precária. A inclinação da subida para os ônibus na sua maioria está em desacordo com as normas técnicas de acessibilidade.

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Será que são invisíveis aos olhos dos poderes públicos a gritante inacessibilidade e absurdas formas de exclusão da cidade de Maceió?

Zygmunt Bauman, recorrendo ao notável Pierre Bourdieu, alerta para que o fato de termos conhecimento sobre como funcionam os complexos mecanismos sociais de exclusão não implica necessariamente em uma ação visando a sua superação.

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A razão cínica que impregna o modelo excludente de desenvolvimento urbano da cidade de Maceió pensa exatamente estratégias utilitaristas que aprofundam as desigualdades e a exclusão de muitos em proveito da apropriação das riquezas para poucos.

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