A chantagem de Meirelles
Pessoas de boa fé acreditam que a política econômica de Meirelles fracassou. É um equívoco. Ele e Temer estão fazendo exatamente o que está escrito na Ponte para o Futuro, a cartilha que o sociólogo Moreira Franco, absurdamente ignorante de economia, ajudou a escrever para orientar o Governo ilegítimo. A pauta de Meirelles não tem nada a ver com o enfrentamento da crise. Seu objetivo é tirar o espaço econômico e social do setor público para abrir espaço para o setor privado externo e interno
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Henrique Meirelles é um chantagista. Não tem a menor intenção de promover equilíbrio das contas públicas no país. Está simplesmente chantageando os brasileiros, pobres e ricos, com propostas diversionistas. Enquanto houver um déficit – por exemplo, os R$ 159 bilhões que acabou de anunciar – o Governo tem desculpa para cortar gastos públicos essenciais, massacrar salários e promover mais uma rodada de privatizações - dessa vez as joias da coroa do setor energético, as grandes hidrelétricas do Nordeste e do Sudeste.
Pessoas de boa fé acreditam que a política econômica de Meirelles fracassou. É um equívoco. Ele e Temer estão fazendo exatamente o que está escrito na Ponte para o Futuro, a cartilha que o sociólogo Moreira Franco, absurdamente ignorante de economia, ajudou a escrever para orientar o Governo ilegítimo. A pauta de Meirelles não tem nada a ver com o enfrentamento da crise. Seu objetivo é tirar o espaço econômico e social do setor público para abrir espaço para o setor privado externo e interno.
Vimos isso na emenda que congelou os gastos públicos por 20 anos e na lei que desfigurou a CLT; o propósito de ambas é estrangular os serviços públicos, para favorecer a entrada neles do setor privado, e para reduzir drasticamente o custo do trabalho a fim de ampliar as margens de lucro do setor financeira e da burguesia em geral. O próximo bote que está sedo preparado é o da Previdência. E o mais apetitoso dele, para o setor privado, como acima mencionado, é o assalto às grandes hidrelétricas.
O plano de Meirelles é dizimar o setor público brasileiro. Só assim o capitalismo financeiro mundial verá aberto no Brasil uma avenida de oportunidades especulativas para exploração. É evidente que muita gente de boa fé acredita nas intenções de equilíbrio fiscal do ministro chantagista, mas o exagero da proposta começa a suscitar reações no Congresso. Está cada vez mais claro que Meirelles perdeu a direção do barco. Exceto o programa de privatização de tudo a qualquer custo, nada pode oferecer à sociedade.
Seus discursos estão ficando enfadonhos e repetitivos. Mente de forma inescrupulosa. Na última entrevista, disse que se fosse resolver o problema do déficit com empréstimos (dívida) os juros iriam subir. Farsante. Os Estados Unidos fizeram déficits de 7 trilhões de dólares de 2009 a 2014, e não houve qualquer aumento da taxa básica de juros de zero po cento. Em qualquer economia em contração, como a nossa, o gasto deficitário, segundo o padrão keynesiano, é a única forma de retomada da economia.
É fato que Meirelles e a burguesia não gostam de financiamento deficitário porque, indiretamente, isso favorece a expansão do gasto e dos serviços públicos. Eles só gostam de déficit quando se trata de financiar os interesses deles. Entretanto, a política de Meirelles é tão idiota e perniciosa que os próprios empresários estão indignados diante da falta de perspectiva de negócios. Claro, não é o caso dos bancos e dos especuladores financeiros. Estes estão nadando de braçadas na política Meirelles/Temer.
O que fazer? Se Temer e seu ministro da Fazenda não fossem dois cretinos evitariam aumento de impostos e tomariam no mercado empréstimos para financiar o déficit público a fim de financiar uma política de gastos públicos reais, abandonando essa estupidez de fazer déficit exclusivamente financeiro para pagar mais dívida financeira, como vai acontecer com os R$ 149 bilhões. Nesse caso, não teremos desenvolvimento, nem retomada da economia, nem retomada da arrecadação fiscal. E, naturalmente, não teremos nenhuma perspectiva de recuperação do emprego, a meta essencial de qualquer economia.
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