A caminho do caos
A agenda da dupla Temer e Meirelles ignora autocritica do próprio FMI e, repito, conduz o país ao caos e o sonho de caminhar pelo Central Park ficará cada vez mais distante para todos
✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no canal do Brasil 247 e na comunidade 247 no WhatsApp.
O “sonho” de muita gente é passear no Central Park em Nova York e fazer inúmeras selfies para instantaneamente postá-las numa rede social, como que a dizer “faço parte disso tudo...”. Inegavelmente Nova York é uma cidade interessante, assim como o Central Park é um lugar icônico, mas não é mais bonito que o Parque do Ibirapuera em São Paulo, espaço público que o “prefeito não-político” da capital paulista pretende privatizar.
Mas o Central Park nem sempre foi um espaço público de convivência válida e saudável. Após a Crise de 1929 onde hoje é o parque central havia uma das milhares de favelas (chamadas de Hoovervilles, em “homenagem” ao presidente da república de então).
Todos sabemos que a crise econômica de 1929 desempregou milhões de trabalhadores nos EUA, legando a imagem de homens forçados a ficar na fila da sopa ou vendendo maças nas esquinas. O tempo da “Grande Depressão” o estudo da MACROECONOMIA, ramo da Economia que estuda o desempenho da economia sem eu conjunto, não era tão desenvolvida quanto hoje; tanto é verdade que o que ocorreu em 1929 (e em menor escala em outras ocasiões e mais recentemente em 2008) foi um “...golpe na economia em seu conjunto...”, ou seja: uma catástrofe.
A MACROECONOMIA tem por objeto o estudo do desenvolvimento da economia como um todo, enquanto a MICROECONOMIA, trata das decisões de produção e consumo, dos produtores e consumidores individualmente. A Crise de 1929 ensinou muito aos governos.
Bem, feita essa introdução é possível afirmar, com base nas propostas da dupla Temer e Meirelles, que o país caminha para o caos, pois esses senhores buscam aplicar às questões macroeconômicas emergentes regras de natureza microeconômicas, esquecendo-se que em economia o conjunto é maior que a soma das partes. O triste é que o caminho para o caos conta com a ajuda de um congresso incapaz e servil, dos meios de comunicação corporativos e dos seus especialistas em economia.
Me refiro ao discurso da política de austeridade e dos cortes de gastos propostos pela dupla citada; parece que esses senhores desconhecem o que em macroeconomia é denominado “paradoxo da poupança”. O tal paradoxo se faz presente quando as famílias e as empresas, preocupadas com a possibilidade de tempos difíceis na economia, reduzem gastos e investimentos. Essa redução de gastos e investimentos deprime a economia à medida que consumidores gastam menos e as empresas, em razão da redução do consumo, acaba por despedir trabalhadores. Muitas vezes o que é uma virtude em microeconomia, em macroeconomia é, repita-se, o caminho do caos.
Evidentemente nem o governo, nem as famílias ou as empresas podem praticar gastos irresponsáveis, pois gastos inadequados podem levar à recessão e até à depressão; mas é dever dos governos usar a política fiscal e a política monetária para ajudar a economia. Mas que fique registrado que as políticas de austeridade falharam em todos os países em que foi aplicada, ou seja, esse não é o caminho.
As políticas de austeridade levaram diversos países que as adotaram ao agravamento do desemprego, da recessão e à inflação. Em relação à inflação temos um paradoxo a ser enfrentado: políticas que garantem o emprego podem gerar inflação, ao passo que políticas que combatem a inflação sempre geram desemprego.
Não se pode esquecer que o neoliberalismo, doutrina econômica combatida pela esquerda e renascida no Brasil pelas mãos de Temer e Meirelles, recebeu críticas de um de seus maiores defensores, o Fundo Monetário Internacional (FMI), em artigo publicado por três economistas da instituição.
Embora os pesquisadores do FMI reconheçam o que chamaram de “pontos positivos na agenda neoliberal”, eles destacam dois grandes problemas: (a) a remoção de todas as restrições ao fluxo de capital e (b) a rigidez orçamentária dos governos.
Segundo os autores, de 150 casos desde a década de 1980 de economias emergentes que tiveram um forte aumento dos fluxos de capital, 20% resultaram em crise financeira. Além disso, a abertura financeira gera um aumento considerável da desigualdade na população do país, alertaram.
Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:
Este artigo não representa a opinião do Brasil 247 e é de responsabilidade do colunista.
Comentários
Os comentários aqui postados expressam a opinião dos seus autores, responsáveis por seu teor, e não do 247