A calúnia como tática eleitoral

A direita brasileira não aceita o fim de seus privilégios e a nova era inaugurada pelo PT de ações concretas contra a desigualdade social e econômica no país



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Todos com um mínimo de vivência política e memória razoável lembram-se da tática costumeira utilizada em anos eleitorais: a montagem de escândalos, o vazamento de dossiês, o encaminhamento de denúncias de fatos supostamente irregulares, que de um momento para o outro devem tomar grandes proporções com o intuito de tirar votos dos adversários. 

Este é o caso da tentativa dos inimigos de plantão do Brasil de envolver  a presidente Dilma em supostas irregularidades a respeito da aquisição pela Petrobrás de uma refinaria em Pasadena, no Texas, EUA.

Revistas e jornais da mídia comercial publicam números, evidências e documentos para convencer a sociedade brasileira de que houve negligência de Dilma ao aprovar a compra da refinaria, em 2006, quando ela presidia o Conselho de Administração da Petrobrás.

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Para engrossar o coro, um grupo de senadores, dentre eles dois de Brasília, Cristovan Buarque (PDT) e Rodrigo Rolemberg (PSB), entrou na última terça-feira, com representação contra a presidente Dilma Rousseff na Procuradoria-Geral da República (PGR) alegando ser ela responsável por uma operação que teria resultado prejuízos da ordem de R$1 bilhão a Petrobrás.

De onde saíram dados tão conclusivos a respeito do assunto, se as investigações apenas começaram ? E por que razão entraram com a representação se a compra da refinaria de Pasadena já é alvo de investigação do MPF e da Policia Federal ? Além disso, a própria presidente da Petrobras, Graça Foster, garantiu que nao ficará pedra sobre pedra até que todos os fatos fiquem esclarecidos para todos.

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O senador Rodrigo não se deu por satisfeito com a idéia da representacão contra Dilma. Ao ver prosperar a missão do corvo mor da oposição, senador Álvaro Dias, do PSDB, de convocar uma CPI sobre a questão, fez questão de anunciar da tribuna que seria o nome que faltava, o 27, para completar a lista necessária para a convocação da CPI da Petrobras.

Um fato interessante a ser analisado é que a lei das sociedades anônimas estabelece que, em empresas abertas, a responsabilidade dos conselheiros de administração é solidária. No caso da compra de Pasadena pela Petrobras, não apenas a presidenta Dilma votou a favor, mas também importantes e conhecidos nomes do setor privado integrantes do conselho da companhia à época.

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E mais interessante ainda se torna a evidência de que o voto destes conselheiros da iniciativa privada parece não incomodar os senadores. Entre eles Fábio Barbosa, ex-presidente do Santander e atual presidente da Abril, Claudio Haddad, ex-Garantia e CEO do IBMEC, e Jorge Gerdau, dono de um dos maiores conglomerados siderúrgicos do mundo. Todos eles, ao se pronunciarem sobre o caso, defenderam seus votos pela compra, alegando condições favoráveis de mercado à época.

Por que motivos apenas o voto de uma conselheira, a presidenta Dilma, não por acaso candidata à reeleição, incomoda os senhores senadores ? Talvez para eles, ter um peso e uma medida para todos, não se coadune com a realidade de se indispor com o presidente da Editora Abril, ou com milionários doadores de campanhas como Gerdau. Isso é o que poderíamos qualificar de ética seletiva.

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O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, contribuiu para o discernimento sobre a intenção da oposição de transformar a questão em embate público eleitoral ao afirmar que a representação apresentada pelos senadores não trouxe nenhum fato novo, além do que já havia sido veiculado anteriormente, e que já estava sendo objeto de investigação.

Estes e outros “escândalos programados” fazem parte da estratégia global da direita brasileira que não se conforma com a presença do PT no governo na última década e com as prioridades defendidas por nós, contrárias aos interesses das elites deste país.

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Para entender isso basta olhar pra outros exemplos na história. Em 2011, após 22 anos, Boni, o criador do padrão Globo de qualidade, admitiu que a emissora armou contra Lula para eleger Collor. Ele confessou que o debate decisivo da eleição de 1989, que na prática elegeu Fernando Collor, foi totalmente arrumado pela emissora. “Colocamos as pastas todas ali com supostas denúncias contra Lula, mas estavam vazias”, confessou.

A tomada de posição da Globo a favor de Collor foi decisiva porque, na verdade, antes do acontecimento os dois políticos estavam em situação de empate técnico.

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É claro que Boni não revelou esta história porque estava com problemas de consciência. Contou porque achava bonito colocar toda esta lama num livro, e, dando detalhes picantes do que muitos já sabiam desde a ocasião, conseguiu protagonizar um dos mais eventos literários da ocasião.

E nada acontece por acaso. Foi exatamente no governo Collor que as ofensivas contra a Petrobras se intensificaram. O Credit Suisse chegou a apresentar um plano para privatizar a Petrobras. O plano era privatizar a empresa por partes. Primeiro, se venderiam as suas subsidárias, o que de fato ocorreu posteriormente. Depois a holding seria fatiada em unidades de negócio, as quais seriam em seguida privatizadas. Ainda bem que  Collor como presidente teve o fim que todos nós conhecemos.

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Na verdade, o que as elites brasileiras nunca aceitaram foi ver por tanto tempo no poder um partido que tem um rumo definido – totalmente diferente daquele que sempre buscaram para o país. Não aceitam o fim de seus privilégios e uma nova era de ações concretas contra a desigualdade social e econômica no Brasil.

A direita não engole a idéia de que uma empresa estatal possa ser bem sucedida e eficiente, porque isso joga por terra o paradigma privatizante e liberalizante, que apesar de fracassado, continua sendo defendido pelo tucanato e seus parceiros da mídia. O sucesso da Petrobras incomoda e a idéia de que mais uma vez estaremos no comando do país é para eles como um paralisante filme de terror.

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