A busca militante do bem comum
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Mais uma Páscoa com distanciamento social, longe das pessoas que amamos, mãe, irmãs, cunhados, filhos e sobrinhos, nos falamos pelo FaceTime é verdade, mas, fazem falta, o abraço, o beijo e as brincadeiras tão próprias das famílias.
Bem, não é demais lembrar que a Páscoa é uma celebração do calendário religioso cristão em memória à crucificação e à ressurreição de Jesus Cristo. E, respeitando a fé e convicção de cada um, para nós católicos hoje é um dia de muita reflexão...
O mistério da fé, desde a imaculada concepção, até a ressureição, exige uma compreensão que só nos é dada com o tempo, pela vida, pelas dores, lágrimas e amores, ou como escreveu Chico Buarque: “A minha surpresa é só feita de fatos / De sangue nos olhos e lama nos sapatos / Minha fortaleza / Minha fortaleza é de um silêncio infame / Bastando a si mesma, retendo o derrame / A minha represa”.
Fato é que apenas a fé pode nos libertar dos medos e dúvidas, pode nos orientar no caminhar e no caminho, mas não uma fé inerte e egoísta, precisamos da fé do Padre Júlio Lancelotti, Monsenhor Milton Santana, Dom Helder Câmara, a fé militante, a fé que vive as dores de cada pessoa e de cada família, a fé que ensina, educa e transforma, a fé que transforma pelo exemplo, pelas ações movidas pelo senso de justiça e igualdade,
Bem, voltemos à Páscoa em família... Fosse uma época sem riscos, estaríamos todos reunidos, e ansiosos pela bacalhoada na casa da Ana Lucia e do Nadim, tal bacalhoada, internacionalmente conhecida e reconhecida, é preparada no forno a lenha, sem pressa como deveriam ser todas as coisas nas nossas vidas.
Acredito que a busca militante do bem comum deve ser a nossa resposta à pandemia e suas consequências, nenhuma outra é válida. Penso que a dor de cada família, deve nos conduzir à reflexão sobre os caminhos que escolhemos para nossa vida, e para a sociedade.
A busca militante do bem comum exige ações, exemplos e interação humana, apenas eles nos afastarão de todos os medos, dúvidas e preconceitos (e das mentiras com as quais somos bombardeados todos os dias pelas redes sociais; pasmem! há quem diga que a Terra é plana, que vivemos uma ameaça comunista e que nossas instituições, assim como organismos internacionais, estão cheios de esquerdistas, pedófilos e ladrões). Por isso não nos basta a indignação ou discursos vazios de ação, exemplo e interação generosa com cada uma das pessoas que estão no nosso entorno, com a nossa comunidade e com toda a sociedade.
Num tempo estranho em que homens sombrios - até então escondidos nos esgotos por onde correm ou se esgotam líquidos ou dejeções -, nos impõe o individualismo como regra, o qual vem embalado com o rótulo da liberdade.
Esses homens sombrios, propositadamente, ignoram a urgência da presença igualdade e da fraternidade, messa nossa sociedade sistemicamente desigual e injusta. Apenas os incautos, ou os que militam pela mentira, ignoram essa verdade, somente os que não vivem e não conhecem nossas periferias - obra dessa humanidade egoísta e meritocrata -, ignoram os pobres, suas dores e não se perguntam porque há pobres, ignoram a dor dos imigrantes e refugiados, desprezam a cultura e nossa dívida com os ameríndios, fazem vistas grossas em relação ao racismo, à homofobia, e às vítimas de abusos sexuais.
Nesse contexto de ações necessárias, vou me referir ao um livro que terminei de ler, alguns dias antes da Páscoa, Livro de Leonardo Boff sobre São José; santo de devoção da minha avó Maria, e que, também por conta disso, é o meu também. O livro é impactante, tenho indicado para pessoas dispostas à busca do bem comum e sensíveis à realidade tão dura de tantos, como o mestre Arly de Lara Romeo.
Lá pelas tantas, Boff afirma, citando Mateus e Lucas, que a personalidade de José, marido de Maria, da qual nasceu Jesus, se caracteriza por ser “um homem justo”. Mas qual o significado teológico dessa característica? Bem, o homemjusto é aquele que ganha irradiação na sociedade, que educa pelo exemplo, que conquista pela conduta integra a confiança da comunidade e se torna referência coletiva, ou seja, ser justopossui missão pública importante, exige atitude.
Além de um homem justo, José vivia um eloquente e fecundo silêncio, algo que nos falta; um silêncio revelador da força existente em cada um de nós para banir do mundo a opressão, silêncio que somente expressa por ações e resultados.
É disso que se trata os dias que se seguem as comemorações da Páscoa: mudança através das ações, conquista da igualdade, liberdade e fraternidade pela ação militante, pois estamos vivendo, não apenas uma época de mudanças, mas uma mudança de época.
Encontramo-nos, portanto, num daqueles momentos em que as mudanças já não são lineares, mas epocais; constituem opções que transformam rapidamente o modo de viver, de se relacionar, de comunicar e elaborar o pensamento, de comunicar entre as gerações humanas e de compreender a urgência de um mundo que orgulhe a humanidade, pois nossa obra até hoje é feita de morte, guerras, egoísmo, mentiras e vergonha.
Essas são as reflexões.
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