A boca do jacaré
O tal amigo foi assessor do ex-deputado, atual (argh!) presidente da República e entregou todo o esquema das tais "rachadinhas"
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Em crônica a que dei o título de "Maior e Vacinado", tratei com leveza da praga que o messias Jair BolsoNero rogou a todos que viessem a se vacinar. Disse o Micto que nos transformaríamos em jacarés. Relatei no texto a minha transformação e terminei informando que após tomar a segunda dose eu iria a Brasília.
Não vou dar spoiler. Acesse os links abaixo e me dê a honra de ler e, se possível, curtir, comentar, compartilhar, como queira, acaso queira.
O fato é que se trata de mera ficção e eu não me transformei em jacaré, de modo que não pude cumprir meu desiderato. Mas não faltou quem o fizesse por mim. Aliás, está fazendo. E olha que coincidência, é de fato um certo Jacaré, apelido de amigo de longa data da figura pretensamente mítica.
O tal amigo foi assessor do ex-deputado, atual (argh!) presidente da República e entregou todo o esquema das tais "rachadinhas". Disse que eram prática comum nos gabinetes do Micto e de seus filhos, lançados todos na política exatamente para explorar a franquia "Bolsonaro" e, assim, fazer crescer o patrimônio da família.
"Rachadinha" é designativo simpático, fofo, que não traz em si a carga negativa e pesada de um "mensalão", de um "petrolão", apodados desse modo, no aumentativo, para justamente elevar a magnitude de seu potencial maléfico.
Não nos enganemos, porém, com a fofura do tratamento dispensado pela mídia à prática da familícia. O que fizeram, o modo que escolheram os malandros federais para enriquecer é criminoso.
Drenaram para si muito dinheiro público, ao longo de décadas, uma grana preta que transitou pelas contas de falsos assessores dos parlamentares, gente que, conivente ou vítima ignorante, recebia uns tostões em retribuição ao serviço sujo prestado ao chefe. A maior parte dos salários, em alguns casos cem por cento do dinheiro dos impostos - pagos por mim, por você, por todos nós brasileiros - ia para os cofres da família de BolsoNero até se transformar em dezenas de imóveis registrados em nome das ex-esposas, dos filhos, dele próprio e de laranjas.
Dizem que o peixe morre pela boca. Significa que quem fala demais acaba se estrepando. A palavra se volta contra quem a proferiu. A praga pega em quem a rogou. O feitiço contra o feiticeiro.
No caso, o dito popular realizou-se, ou está se realizando, de dupla forma. O peixe morre pela própria boca, de um lado, e, de outro, pela boca de um jacaré.
Abra essa bocarra. Bote essa boca toda no trombone. E bom apetite, Jacaré.
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