A banca ou o fim de uma civilização
Embora tenhamos aprendido que existem expressões do poder, na prática ele só se forma pela força, hoje econômica ou mais precisamente financeira. E, em cada etapa, o poder tem seu objetivo nem sempre facilmente descortinado pelas pessoas. Diferentemente dos seres humanos, o poder não tem respeito nem arrependimento. Ele só conhece a conquista ou a derrota
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As civilizações surgem, crescem (as vezes) e morrem, como nos ensinam os livros de história. Mas estes mesmos livros, na quase totalidade, não nos informam sobre o efetivo poder que sustenta os diversos momentos da vida dos povos, das civilizações.
Precisamos, desde logo, distinguir governo e poder. O governo é visível, age sobre a vida das pessoas, administra. O poder, eventualmente, pode estar aparente, perceptível, mas ele quase sempre prefere as sombras. É o poder que define, escolhe os governos e os orienta. A nossa força, a força do povo, é que ele pode se constituir em poder.
Embora tenhamos aprendido que existem expressões do poder, na prática ele só se forma pela força, hoje econômica ou mais precisamente financeira. E, em cada etapa, o poder tem seu objetivo nem sempre facilmente descortinado pelas pessoas. Diferentemente dos seres humanos, o poder não tem respeito nem arrependimento. Ele só conhece a conquista ou a derrota.
O poder que envolve o mundo contemporâneo é o sistema financeiro internacional, que abrevio por banca, mas é igualmente conhecido por Nova Ordem Mundial (NWO, na sigla em inglês).
Pretendo refletir sobre a origem, empoderamento e objetivos atuais da banca, nesta segunda década do século XXI.
BANCA SURGE NA INGLATERRA
A banca é um fenômeno político-econômico ocidental. Quando surge, no século XV, a Europa passava por grande mudança. O feudalismo, de poder disperso, estava sendo substituído pelas monarquias nacionais empurradas pela força do comércio. Não recordo que historiador escreveu que o mercantilismo era um elo entre os particularismos medievais e o Estado Moderno, o renascentista.
Na Ásia – a China vivia o esplendor da Dinastia Ming e era uma potência naval, a Índia sofria a invasão islâmica – e na África – havia conflitos nos reinos dos bantos, dos malis, songai, hauçás, massaiano e em áreas de controle muçulmano – não se desenvolvia, no entanto, o espírito colonizador. Mesmo com todo poder, a China se contentava com as trocas comerciais que fazia por toda Ásia, inclusive no Oriente Médio e parte da África.
A Inglaterra passava por diversas crises políticas, religiosas, econômicas que acompanharam os Tudor. Os barões tinham forte poder e detinham a maior riqueza do reino. Para desenvolver o comércio e se armar para enfrentar militarmente a concorrência, impor o Império ao mundo, os monarcas se socorrem dos barões, dos senhores de terra, para construir a armada nacional (Companhia Inglesa das Índias Orientais, Combate nas Molucas, Guerras anglo-holandesas).
Recordemos que os barões já haviam demonstrado sua força com João sem Terra e seu filho (Henrique III), deles arrancando o garantia da sucessão fundiária (as Magnas Cartas).
Os barões negociam os juros. Ficam com medo de perderem seus ganhos com a moeda fraca. Surge o Governor and Company of the Bank of England (BoE), em 1694, entidade privada com o direito de emitir a moeda nacional. Apenas no século XX, entre 1946 e 1997, o BoE foi estatal.
O BoE é um marco da banca. Por longos anos a família Rothschild o controlou. Esta fase da banca, que denominarei infância, atravessa as revoluções industrial, americana, francesa e só altera seu formato com a era napoleônica.
Outro marco, o Tratado de Viena (1815), é a tomada de consciência, pelo passeio europeu de Napoleão destituindo e criando monarquias, que o valor da propriedade fundiária era relativo. Era preciso ter um poder que fosse menos atingido pelas armas.
A banca cria a dívida. É a dívida que vai fazer o Império Inglês ser o lugar onde “o sol nunca se punha”.
Do outro lado do Atlântico Norte, um diferente sistema capitalista se desenvolvia: o industrial. Os Estados Unidos da América (EUA) cresciam com o Estado impulsionando e financiando a expansão industrial. Os gordos excedentes foram, de início, aplicados nos próprios EUA, na marcha para oeste. Chegado ao Pacífico prosseguiram nas ilhas Hawai, pelo Arquipélago Alexandre e no continente asiático, quando encontraram o imperialismo europeu.
Estamos agora no século XX, nas grandes guerras da primeira metade do século.
O capitalismo industrial se empodera. Enfraquece a banca, o capitalismo financeiro. Começa nova fase da banca, a terceira, atacando o capitalismo industrial que esperava este ataque de seu concorrente: o socialismo industrial.
Neste momento a banca encontra um aliado: os movimentos ecológicos, preservacionistas. Apenas para articular as ações; a enorme visibilidade que estes movimentos tiveram na mídia internacional não foi pelo comprometimento com as futuras gerações, como veremos mais adiante, foi pelo interesse da banca em demolir o capitalismo industrial e, de passagem, o socialismo industrial. Os momentos que fixo marcantes são a Fundação do Clube de Roma (1966) e sua publicação “Os limites do crescimento” (1972).
A banca então descobre outra arma: as crises. E as crises do petróleo que tem início no final dos anos 1960 e se prolongam até 1980, colocam novamente a banca no poder. E, digamos, atingindo a maturidade, a banca passa a se interessar não apenas pela área econômica mas pelo domínio global.
Faz dois dirigentes, nos mais significativos países para seus objetivos – EUA e Reino Unido (UK) – Ronald Reagan e Margaret Thatcher, adapta uma filosofia do século XVIII e doutrina o mundo com a ideologia do “neoliberalismo”.
Uma consideração. O atual regime chinês não é o socialismo marxista, nem de outras versões que surgiram no século XX. Mas não o vemos se denominar “neossocialismo”. Este neo, da banca, é como qualquer produto para venda; mera questão de propaganda, pois é o velho e carcomido liberalismo de 300 anos, fantasiado de menino.
Obtém as desregulações financeiras, expande os “paraísos fiscais”, compra tudo que o dinheiro pode comprar: as comunicações de massa, as academias, as empresas, a política e domina os Estados Nacionais. Associa-se aos capitais ilícitos (drogas, tráficos de pessoas, armas, contrabandos, corrupção política) pelo mundo todo.
Se os capitais ilícitos não podiam aproveitar os fluxos financeiros, com as desregulações entram e lucram com eles. E a banca recebe uma enorme massa de dinheiros que fortalece sua posição e se expande nos paraísos fiscais.
Apenas recordando sobre sua nova arma, desde seu empoderamento total (1987) até 2008, tivemos dez crises mundiais que só fizeram aumentar sua riqueza e seu poder.
CRISES DO SÉCULO XXI E OBJETIVOS DA BANCA
Sumariamente lembremos as crises deste século.
Crise de 2000 – Ponto com ou da Bolha da Internet. Com empresas de software e a Nasdaq (Associação Nacional de Corretores de Títulos de Cotação Automática), um mercado de ações que reúne empresas de informática, eletrônica, biotecnologia, comunicações e outras áreas de ponta tecnológica. Não eram majoritariamente empresas de ativos, mas de uma ou duas pessoas de invulgar talento. Não tinham muito ou até nada para responder a qualquer insucesso. A especulativa alta destas ações já fazia antever a queda.
Crise de 2001 – Argentina. Sabemos que até 2002 a Argentina foi dirigida por políticas econômicas neoliberais de Carlos Menem e Domingo Cavallo. Quando Fernando de la Rúa é obrigado a renunciar, instaura-se um caos político, social e econômico na Argentina, que só com a eleição de Néstor Kirchner (2003) voltará à normalidade. Pode-se afirmar que esta crise foi a consequência das orientações de 12 anos do Fundo Monetário Internacional (FMI) para aquele país.
Crise de 2008 – O subprime americano ou o terrorismo econômico em Washington. As melhores descrições desta “crise” estão no filme Inside Job (Trabalho Interno), documentário de 2010 de Charles H. Ferguson, e nas reportagens de Mike Whitney, jornalista residente em Washington, em especial a que considera a quebra do Lehmann Brothers um “terrorismo financeiro” para influenciar o Congresso Estadunidense. Em síntese tratou-se de uma armação de bancos, empresas de avaliação de risco e de pessoas das áreas financeiras do Governo para transferir recursos do Tesouro Americano para bancos, seguradoras e algumas poucas empresas industriais.
Cabe explicitar que neste domínio global, a banca colocou a seu serviço instituições internacionais, como o FMI, o Banco Mundial (WB), encontros internacionais como o Foro de Davos, na Suíça, e toda uma estrutura de suporte em planejamento, logística e ações não oficiais. Entre as organizações temos: o Grupo Bilderberg, a Sociedade de Mont Pèlerin, a Comissão Trilateral, universidades de renome como Yale e Oxford, além de serviços de inteligência de países onde domina o governo (UK – MI6).
Os fundos de investimentos são uma das capas da banca. Exemplifico com um dos maiores: Berkshire Hathaway (BH). Sua carteira contempla, entre outras: empresas industriais – Apple, Kraft Heinz, Coca Cola; de comunicação – Charter Communication; de transporte – Delta Air Lines; de ensino – Phillips 66; financeiras e bancos – Wells Fargo, Bank of New York Mellon, American Express e até de “agências” de classificação de risco, como a Moodys. Mas a BH se reparte em diversas empresas, que se subdividem até que a origem dos capitais se perca. Provavelmente em paraíso fiscal.
Praticamente todas as agências de notícias são propriedade da banca. O controle da mídia foi das primeiras ações para retomar o poder.
Embora a banca difunda a ideologia neoliberal, como o capital não tem pátria, a banca se alia a qualquer partido político, qualquer instituição, qualquer religião que lhe permita atingir seus dois objetivos maiores:
a) apropriar-se de todos os ganhos de todos os setores da economia, públicos ou privados;
b) promover a permanente concentração de renda.
Detalhemos estes objetivos.
Muitas vezes, por força de nossa vivência num mundo industrial, imputamos ações a interesses mais visíveis. Por exemplo: a Shell obtendo dos golpistas de 2016 no executivo, no judiciário e no legislativo enormes e indevidas vantagens, consideramos, provavelmente, a pressão do UK e a corrupção, arma da banca, por excelência. Mas a Shell nada mais é do que um braço da banca para atingir seu primeiro objetivo. Procure conhecer seus acionistas? Como no caso da Berkshire Hathaway, cairá numa série de empresas, fundações e se abrirão em outras.
O mesmo ocorre com Estados Nacionais. Veja a França, houve diferença de políticas entre um presidente do Partido Socialista e outro saído do Banco Rothschild? Apenas estilos de gestão. Aqui no Brasil, o Presidente do Banco Central de Lula é o Ministro da Fazenda de Temer.
O segundo objetivo da banca cria, igualmente, seu maior problema: a redução dos participantes da banca. Minhas pesquisas pessoais mostraram que, nestes últimos 15 anos, houve mudanças na meia centena de famílias que constituem o “Board” da Banca. Observei pelos fluxos monetários que passaram a se dirigir e se concentrar em pontos diferentes. Não poderia dizer que saíram dos Rockefeller para os Morgan ou os Courtenay. De qualquer modo a concentração de renda que assistimos no Brasil, se dá na esfera planetária, inclusive nos maiores beneficiários do sistema banca.
O relançado Jornal do Brasil colocou em destaque a concentração da renda e, dentro dela, nas famílias de banqueiros. Quantos outros banqueiros não morreram nesta praia das concentrações?
Estes objetivos vão estreitando as possibilidades de vida digna e mesmo apenas a existência dos bilhões de pessoas na Terra. Por isso tenho apontado o crescimento demográfico como o atual grande inimigo da banca.
Mas seus centros de planejamento já vem trabalhando na eliminação das pessoas há muito tempo. Vejamos apenas o que é do conhecimento público.
A população de maior taxa de fertilidade é a muçulmana. As áreas mais populosas do planeta estão na Ásia e na América Latina. Não deve assustar ninguém que o Serviço Secreto de Sua Majestade tenha criado, financiado e treinado a Irmandade Muçulmana e as oposições Síria e os movimentos do “terrorismo árabe”. Antes de uma ou outra bomba na Europa, eles vem provocando cizânias e conflitos por todo Oriente Médio e expandindo para as nações islâmicas asiáticas. Ou seja, a banca usa a guerra, que também deixa a fome e as migrações como efeito colateral, entre a população de maior crescimento demográfico.
O Brasil é o quinto país mais populoso do mundo. Tem como vizinho a Venezuela, que detém a maior reserva de petróleo do planeta. Em conflito que envolva o Brasil e a Venezuela, a banca o fará facilmente chegar ao México. Eliminaria na passagem governos nacionalistas e populares da América Central e Caribe, hostis ao seu poder. E ainda ameaçaria o Governo Trump que não goza de sua simpatia. Ele é pelo capitalismo industrial, o que talvez explique sua aproximação com Putin, também industrialista.
CONCLUSÕES
Num conto de Conan Doyle, Sherlock Holmes pergunta ao Dr. Watson: quantos degraus tem a escada de nossa entrada? E deu a lição: você passa várias vezes por dia, mas nunca prestou atenção. Parece-lhe algo óbvio, que não merece maior observação.
A banca age exatamente assim. Como detém o controle da comunicação de massa, desde criança você vai se habituando com certos valores, com certas ideias e não lhe acode refletir sobre elas. É o ar que respira.
Por que um governo iria tirar o pão, o leite das crianças para pagar juros aos bancos? Por que fecharia escolas, hospitais para gerar um “superavit primário”?
O banco que rolasse a dívida, se ela fosse devida e não criada pelo próprio banco, não pagando impostos que provocaram rombos nas contas públicas.
Os 366 parlamentares que votaram a favor da chamada PEC 241, de Temer, congelando por 20 anos as verbas para saúde e educação, simplesmente mataram um geração de brasileiros a mando da banca. E com apoio dos “verdes” ecológicos, vide Marina Silva. Os subornos não tem outra origem.
O que temos nós com o Governo da Venezuela? O povo livremente – e apesar da campanha da Globo de lá e do mar de dinheiro que veio de exterior – elegeu e vem elegendo por vinte anos esta política que atende aos pobres e não aos bancos. Por que então vou me meter? Antes deveria, em nome da humanidade, repudiar os bombardeios estadunidenses na Síria, os israelenses na Palestina e este incentivo, eivado de mentiras e falsidades (vide as inexistentes armas químicas de Saddam Hussein), que deseja destruir etnias, povos e nações.
A banca é o grande inimigo de todos os povos neste século XXI. Ela é a grande corruptora. Ela está por trás das drogas, das armas que fortalecem a marginalidade, das guerras e da fome (a produção de grãos e proteínas alimentaria toda população da Terra. Bastava a decisão política de dar prioridade à sua distribuição e não aos juros), dos contrabandos, tirando receitas tributárias das nações.
Buscar outros fantasmas do presente ou do passado é tudo que a banca deseja para que você não a incomode. Atenção brasileiro, nacionalista e patriota, procure contar os degraus da escada, questione as acusações a uma única ideologia, a um só partido, a uma pessoa, pois você está diante de outra razão: opressora, excludente e assassina – da banca.
É por justiça que agradeço e dedico este artigo aos três autores que, por primeiro, me revelaram a banca e todo seu objetivo egoísta e anti-humanitário: Adrián Salbuchi, John Perkins e Walter Graziano.
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