A arrogância de um Ciro de engenho
"Ciro tenta fazer jus ao significado de seu nome em grego: 'senhor'. É assim que ele costuma agir em ambientes democráticos da política. O que talvez não seja tão surpreendente, quando acompanhamos sua trajetória político-partidária, que vale a pena lembrar sempre", diz o colunista Hayle Gadelha; "Nervosinho porque não conseguia controlar a estudantada na Bienal da UNE, em Salvador, acabou repetindo o que seu irmão, o senador Cid Gomes, disse em um evento no Ceará durante o segundo turno das eleições: chamou um militante de 'babaca'"

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Ciro tenta fazer jus ao significado de seu nome em grego: "senhor". É assim que ele costuma agir em ambientes democráticos da política. O que talvez não seja tão surpreendente, quando acompanhamos sua trajetória político-partidária, que vale a pena lembrar sempre.
Ciro começou pela Arena (que depois teve o nome de PDS, partido da ditadura militar). Isso foi de 1980 a 1983. Pulou para o PMDB (1983 – 1988). Depois, bateu asas rumo aos tucanos do PSDB (1988 – 1996). Passou para o PPS (1996-2005). Mergulhou no PSB (2005-2013). Saltou para o PROS (2013 – 2015). E finalmente foi acolhido pelo PDT (2015) – o que pode ter deixado o espírito de Brizola inteiramente arrasado.
Na última eleição presidencial, com Lula preso, tentou convencer o PT a acolhê-lo como cabeça de chapa, fazer o Brasil correr o risco de elegê-lo Presidente. Na verdade, ele só pensava em neutralizar o PT para avançar tranquilo com suas propostas de direita/centro-direita que tanto agradam aos antipetistas. Não conseguiu alcançar os seus objetivos – o PT é "burro", claro...
Após a vitória de Bolsonaro, Ciro teve a ousadia de dizer que "Bolsonaro não representa um risco para a democracia". Aproximaram-se. Discutiram a reforma da Previdência – que ele sabiamente passou a criticar. Mais sabiamente – ou talvez mais espertamente –, Ciro passou a procurar abrir um espaço entre o bolsonarismo e o lulismo. Descobriu que é uma faixa muito limitada e, obviamente, procura ampliá-la. Mas senhor de engenho é senhor de engenho: não pede voto, manda votar. E acontece o que aconteceu nesta quinta-feira, dia 7. Nervosinho porque não conseguia controlar a estudantada na Bienal da UNE, em Salvador, acabou repetindo o que seu irmão, o senador Cid Gomes, disse em um evento no Ceará durante o segundo turno das eleições: chamou um militante de "babaca".
Dizia ele que "o jovem no bar é obrigado a defender corrupção, aparelhamento do Estado, formação de quadrilha, mas isso não é para vocês, vocês não têm nada a ver com isso". Alguém da plateia gritou: "corrupto". E ele mais uma vez perde a cabeça e berra: "Não sou, não. Eu estou solto. Eu sou limpo, eu sou limpo. Lula está preso, babaca".
Pra que isso, Senhor?
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