A aposta eleitoral macabra do bispo

O prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella
O prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella (Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil)


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Bolsonaro alertou Marcelo Crivella, dublê de bispo da Igreja Universal do Reino de Deus e prefeito do Rio, que se quiser ter seu apoio na eleição deste ano terá que decretar o fim do isolamento social no Rio de Janeiro. 

Abre parênteses: a benção bolsonarista não se sabe se mais ajuda ou atrapalha, pois o Rio é a capital do país onde o capitão nazista apresenta as taxas mais altas de rejeição, dizem as pesquisas. Mas, desesperado pela repulsa que seu governo desperta na maioria esmagadora dos cariocas, Crivella vê a parceria como uma boia de salvação capaz de ao menos levá-lo ao segundo turno. Fecha parênteses.

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E como a extrema direita nativa vive de mentiras e a manipulações grosseiras, o bispo arregaçou as mangas e foi à luta, passando a desafiar a realidade, a ciência médica e os números. A dor, o sofrimento e a vida das pessoas pouco importam, afinal, para o prefeito, é chegada a hora de mostrar fidelidade canina ao ocupante da cadeira presidencial.

Como qualificar um mandatário que afirma que a propagação do coronavírus está sob controle, quando os novos casos e o número de mortes explodem em todo o município, chegando com força aos bairros do subúrbio e da Zona Oeste? Se isso não for crime de responsabilidade e contra a saúde pública, o que mais será?

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Até esta segunda-feira, 25 de maio, o Rio contabilizava 22.466 casos de covid-19 e 2.831 mortes. Com a curva de contágio mais ascendente do que nunca, e isso ainda longe do pico da pandemia, a cidade e grande parte do país estão bem distantes do momento ideal para a implementação de medidas de flexibilização do isolamento.

Cabe destacar que os infectologistas, epidemiologistas e sanitaristas defendem justamente o contrário.

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Para esses estudiosos e especialistas no assunto, só o lockdown, o fechamento total adotado com bons resultados por vários países, será capaz de reduzir a velocidade da disseminação do vírus entre nós. O Brasil já passa pelo vexame internacional de ser o segundo país em número de casos de covid-19, a galope para logo se transformar no epicentro mundial da pandemia.

Notícia publicada pelo Portal UOL retrata com perfeição as consequências das medidas de flexibilização. Os três estados do Sul do país, na semana de 11 a 17 de maio, apresentaram 2.991 novos casos de covid-19. Na sequência, governadores e prefeitos da região baixaram decretos afrouxando a quarentena. Resultado: em 24 de maio, o número de novos casos saltou para 5.581, crescimento de impressionantes 86% em uma semana.

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Enquanto prepara o insano e criminoso “liberou geral” no Rio, Crivella vai deixando suas impressões digitais em manobras de governo reveladoras do tipo de político que ele é :

1) no balanço diário por bairros da covid-19 divulgado pela prefeitura, simplesmente desapareceu o número de mortos;

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2) a secretaria de saúde do município anunciou que de agora em diante o total de mortos no Rio terá como parâmetro os sepultamentos realizados, e não as informações sobre os óbitos dadas pelas unidades de saúde. Como sepultamento demora um puco mais, essa é uma flagrante tentativa de represar a quantidade de vítimas fatais. 

Ocultando as mortes, a prefeitura espera diminuir a resistência da sociedade à abertura de igrejas, lojas, escolas, academias, além de bares, restaurantes, cinemas e teatros. Sem falar na volta do futebol, contra a qual se batem apenas Botafogo e Fluminense.

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