A advertência de Kim: ameaças de Washington e Seul aumentam a tensão na Península Coreana

Desde a assinatura do acordo de armistício, em 1953, os EUA colocaram a RPDC no alvo de uma ameaça nuclear, relembra o editor internacional do Brasil 247

Kim Jong-Un discursa por ocasião do 69º aniversário do armistício
Kim Jong-Un discursa por ocasião do 69º aniversário do armistício (Foto: KCNA/Reuters)


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José Reinaldo Carvalho, 247 - Mais uma vez, a República Popular Democrática da Coreia (RPDC) fez uma séria advertência ao imperialismo estadunidense de que pode acionar sua capacidade dissuasória nuclear para rechaçar agressões que partam do conluio militar Washington-Seul. 

O líder norte-coreano Kim Jong Un fez a advertência nesta quarta-feira (27), no aniversário do armistício que interrompeu a Guerra da Coreia em 1953. O armistício deixou a RPDC tecnicamente ainda em guerra com os EUA e a Coreia do Sul, um resquício ainda vivo da Guerra Fria, um conflito potencial que ainda pode acarretar graves consequências à segurança da Península Coreana, do continente asiático e no plano global.

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Desde a assinatura do acordo de armistício, os Estados Unidos colocaram a RPDC no alvo de uma ameaça nuclear, o que fez com que a direção do país optasse pela primazia militar na construção do socialismo e se empenhasse em esforços para se tornar uma potência nuclear, objetivo que já foi alcançado. 

"Nossas forças armadas estão totalmente preparadas para responder a qualquer crise, e a dissuasão de guerra nuclear de nossa nação também está totalmente pronta para mobilizar sua força absoluta com fidelidade, precisão e rapidez para sua missão", disse Kim Jong Un durante pronunciamento à nação no transcurso do 69º aniversário do armistício. A declaração do líder norte-coreano foi motivada por ameaças dos EUA e da Coreia do Sul de que iriam retaliar a RPDC caso o país realize novo teste nuclear ainda em 2022, que seria o primeiro desde o de 2017. 

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Um dos países mais sancionados do mundo, a Coreia do Norte está sob ameaças de novas sanções, incluindo ataques cibernéticos, segundo declarou o próprio ministro das Relações Exteriores da Coreia do Sul. 

No discurso, Kim disse que Washington continua a praticar "atos hostis perigosos e ilegais" em conluio com a Coreia do Sul contra a RPDC e busca justificar seu comportamento "demonizando" o país.

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A Coreia do Norte há muito acusa os Estados Unidos de padrões duplos sobre atividades militares e de adotar uma política hostil em relação a Pyongyang, dizendo que isso dificulta o reinício das negociações destinadas a desmantelar os programas nuclear e de mísseis do país em troca do alívio das sanções. Pyongyang também protesta contra os exercícios militares de grande escala conjuntos entre os EUA e a Coreia do Sul que, segundo Kim, ameaçam seriamente a segurança da RPDC e podem levar as relações bilaterais a um ponto em que é difícil voltar atrás, em um estado de conflito.

O governo da Coreia Popular argumenta que seus testes nucleares e a transformação do país em potência nuclear fazem parte das medidas de autodefesa para proteger a independência do país e a sobrevivência do povo ante o assédio das forças hostis lideradas pelos Estados Unidos.

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Segundo dados do arquivo nacional estadunidense, já desclassificados, desde 1956 a Casa Branca fixou como alvos de ataques com armas nucleares, a capital Pyongyang e as cidades de Nampho, Wonsan, Sinuiju, Chongjin, Uiju e Pukchang. 

No informe de disposição nuclear publicado em março de 2002, os Estados Unidos incluíram a RPDC na lista de alvos de ataque preventivo atômico em caso de emergência.

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Outrossim, os Estados Unidos organizam sistematicamente os exercícios de guerra contra a RPDC, como os denominados Freedom Bolt, Team Spirit, Key Resolve, Foal Eagle e Ulji Freedom Guardian que se realizam na parte sul da Península Coreana.

Ao mesmo tempo em que não renuncia aos seus planos nucleares e às armas já existentes, a RPDC sempre acena com a proposta de pactuar a paz entre a República Popular Democrática da Coreia (RPDC) e os Estados Unidos, considerando que isto resolverá o conflito da Península Coreana.  

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O governo norte-coreano considera que os Estados Unidos e a Coreia do Sul deverão acostumar-se à posição da RPDC como país possuidor de armas nucleares e reiteradamente afirma sua decisão de fortalecer por todos os meios sua capacidade de ataque e represália nucleares frente a qualquer violação de sua soberania por parte dos Estados Unidos. Igualmente, faz questão de afirmar que não usará suas armas nucleares com imprudência. 

A RPDC se sentiria mais segura se os Estados Unidos e a Coreia do Sul cessassem os exercícios militares conjuntos na Península Coreana e se Washington aceitasse assinar um acordo de paz.  Mais de meio século depois do final da Guerra da Coreia, até hoje está em vigor apenas um armistício, não um acordo de paz; tecnicamente, permanece o estado de guerra. Os Estados Unidos e a Coreia do Sul devem explicações de por que não aceitam firmar o convênio de paz com a RPDC.

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As razões invocadas pela República Popular Democrática da Coreia ligam-se ao princípio da autodefesa, direito de toda nação soberana, como pressuposto para construir um país forte, alcançar a reunificação da pátria e soerguer uma ordem econômica e social consoante a vontade de seu povo e suas peculiaridades nacionais. Por óbvio, a RPDC também tem noção do mundo em que está inserida, da correlação de forças real, e não desconhece que é necessário envidar todos os esforços pela solução pacífica dos conflitos internacionais e por uma solução negociada ao problema nuclear na Península Coreana. 

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