A aceleração do tempo na guerra 4.0 (EUA-OTAN x Rússia)

Se o conflito EUA-OTAN x Rússia se alongar no tempo, esses desdobramentos se estenderão para as questões econômicas das nações, com reflexos para as eleições

(Foto: Ag.Brasil)


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Por Roberto Moraes

É importante observar a aceleração dos tempos presentes na disputa EUA-OTAN x Rússia, em relação às guerras anteriores. É um processo que pode ajudar a explicar a disputa e a perda da racionalidade que pode estar delineando um quadro tenso de uma pré-3ª Guerra.

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A Ucrânia foi o estopim. Tudo se desenrola numa velocidade alucinante — bem distinto dos tempos da 2ª GM —, características do mundo digital que alimenta a guerra física, financeira e de sanções, como elementos da Guerra 4.0. (Ver artigo anterior: Três principais elementos da disputa Rússia x OTAN).

Não estou me referindo apenas a velocidade de informações e contrainformações — isso já havia antes com comunicação via rádios — mas, o "time" que as nações que vão sendo envolvidas no conflito e no tempo que têm para digerir e tomar decisões, que de forma espiral pode seguir envolvendo outras nações.

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Se o conflito EUA-OTAN x Rússia se alongar no tempo, esses desdobramentos se estenderão para as questões econômicas das nações, com reflexos para as eleições nacionais de vários e importantes países. Tudo isso tende a retroalimentar e ampliar espacialmente o conflito.

A guerra 4.0 e as eleições no Brasil

Essas hipóteses sacodem o tabuleiro e produzem instabilidades e possibilidades para que as relações internacionais e a crise EUA-OTAN x Rússia afetem as eleições no Brasil previstas para daqui a menos de sete meses. Ainda não vi e nem li comentários sobre essas hipóteses, mas creio que elas precisam ser consideradas e avaliadas.

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No caso do prolongamento do conflito e expansão espacial para outros pontos da Europa é evidente que os candidatos das eleições na França e no Brasil (entre outros países) terão que lidar mais densamente com o tema das relações externas e muito provavelmente também e sempre com posições fortemente confrontantes.

No caso de Bolsonaro, o atual presidente já começou a produzir falas conflitantes e em dissimulação sobre a guerra como faz tempo todo em outros assuntos. Não é difícil supor que Bolsonaro queira usar o tema para esconder seus graves problemas de administração e os poucos resultados que tem para a apresentar na busca de reeleição, mesmo não tendo liderança reconhecida ao nível global.  

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Bolsonaro usaria essa nova dissimulação não apenas como uma desculpa para as dificuldades de seu período de mandato, que mistura ainda a Pandemia neste bojo. Assim, pode-se ainda imaginar que o presidente poderia tentar reapresentar o “seu governo militar” como o mais apropriado ao tempo presente, permeado de conflito entre nações, embora o que se perceba ao nível global uma demanda ansiosa, por lideranças que possam intermediar os conflitos, atributo que Bolsonaro nunca teve, ao contrário daquilo que é reconhecido globalmente, em seu principal opositor, Lula.

 

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Entre o medo e o horror com a guerra e a demanda por uma liderança forte e moderada

Há ainda a ser considerado o tamanho do percentual dos brasileiros que tem medo (ojeriza) à ideia de guerra. Esses podem temer ainda mais Bolsonaro e seu governo militar. Como se pode intuir o tema tende a trazer mais um embate político entre os principais candidatos nas eleições de outubro.

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Para quem está na liderança folgada nas várias pesquisas, em quadro de estabilidade, caso do Lula, nada disso interessa. Já ao presidente que vai para disputa à reeleição, nas piores condições por má avaliação do seu mandato na história eleitoral do Brasil, o tema pode aparecer como esforço, quase desesperado, de virar o quadro com iniciativas e decisões inesperadas.

É evidente que o percentual de pessoas que possa cair nesta nova e contraditória dissimulação não é tão grande, mas devemos lembrar que as eleições contemporâneas no Ocidente tendem a ser decididas por margens pequenas de votos.

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Enfim, as ameaças da guerra EUA-OTAN x Rússia para outras regiões do mundo começa a aparecer no horizonte como um grande conflito. No Brasil, estamos a menos de sete meses das eleições de outubro. Esperava-se para abril (e depois junho), as primeiras definições que produziriam reflexos para as eleições presidenciais.

Porém, esse novo cenário chega trazendo espanto e horror pelos embates e vítimas, mas também instabilidades e possibilidades de que o tema da guerra, se prolongada no tempo e espaço, possa empurrar as definições principais das eleições no Brasil, ainda mais para a reta final do pleito e com a geopolítica global.

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