8/1: foto ou filme?

Foi uma grande frente venceu Bolsonaro, mas o bolsonarismo e a extrema-direita ainda precisam ser vencidos

(Foto: Joédson Alves/Agencia Brasil | Pedro França/Agência Senado)


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O Plano de Trabalho da CPMI propôs, corretamente, investigar os fatos que culminaram na invasão das sedes dos Três Poderes da República, ocorrida em Brasília, no último dia 8 de janeiro e para isso é necessário esclarecer cada uma das ações que antecederam e deram ensejo à invasão dos prédios, à destruição de patrimônio, à agressão a agentes públicos.

Cada um de nós precisa saber que o 8/1 foi a última cena de um filme que, para ser compreendido com honestidade, precisa ser estudado desde antes, muito antes; podemos começar a partir das marchas de junho de 2013; pelo chilique do mercado e de Aécio com a vitória de Dilma, o rápido protagonismo da Lava-Jato, em 2014; pelo golpe de 2016; pela eleição de um incivilizado simpático às ditaduras, ditadores e de prática fascista em 2018, com a ajuda de um juiz incompetente, parcial e corrupto. 

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O 8/1 estava presente nas ações e palavras do incivilizado, candidato e depois presidente, que promoveu uma campanha diária e sem tréguas pela desconstrução e desqualificação de todas as instituições, especialmente do Poder Judiciário, com foco no STF. 

O dia 8/1 é resultado da doença que o bolsonarismo representa e vocaliza. 

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O 8/1 encontra inspiração em Steve Bannon, Trump, Viktor Orbán, Marine Le Pen, Matteo Salvini, Oleh Tyahnybok, Nikolaos Michaloliákos, Santiago Abascal, André Ventura, Rodrigo Duterte, Boris Johnson, Benjamin Netanyahu, dentre outros.

O 8/1 é consequência desses nossos tempos de crise da democracia liberal, crise que, dá brecha a movimentos populistas de direita, lembremos do período entreguerras na Europa, quando a descrença nas instituições, na primeira metade do século XX, levou o mundo ao fascismo e ao nazismo, além de ter dado palco e poder a Salazar, Franco, Mussolini, Hitler. 

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O 8/1 emerge da crise de confiança na democracia liberal, o que não é um fenômeno isolado do Brasil, ele se estende por vários países; na Europa, por exemplo, o Brexit abriu precedentes para que diversos políticos e partidos se posicionassem a favor de retirar seus respectivos países da União Europeia, chamada de órgão “globalista” no jargão neoconservador (conhecidos pela sigla neocon). As eleições de Rodrigo Duterte (Filipinas), Donald Trump (Estados Unidos) e Jair Bolsonaro (Brasil) deu força ao discurso de conservadores autoproclamados como “antissistema” ou alt-right. Esses novos líderes não são necessariamente militares que organizam marchas como Mussolini e Franco, nem declaradamente antissemitas como Hitler; alguns, como Bolsonaro, têm uma estranha fixação por Israel. Mas tem em comum a obsessão com o tal “inimigo interno”, ainda que este já não seja os mesmos do século passado; papel inimigo interno, o judeu, foi substituído pelo muçulmano, pelo comunista, dentre outros, eleitos como ameaça à civilização ocidental.

Os neocon afirmam que a questão ambiental é mentira inventada para atrapalhar o desenvolvimento nacional; a imigração só e bem-vista se os imigrantes forem brancos e cristãos e a diversidade sexual é tratada como um ataque esquerdista à moral e aos bons costumes. 

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Não, não isso não é engraçado, não podemos rir disso tudo, pois, o avanço da extrema-direita, pode ser observado nos últimos anos através da articulação de um movimento internacional de cooperação, que tem no Brasil Eduardo Bolsonaro como representante.

Por isso, o 8/1 teve início em 1990, com a posse de Jair Bolsonaro como deputado federal, o qual, já deputado, afirmou em 1999 “Não há a menor dúvida, daria o golpe no mesmo dia, no mesmo dia”, golpismo que vem desde o século passado.  O 8/1 estava anunciado desde setembro de 2018, quando o incivilizado convidou seus adeptos no Acre a “...fuzilar a petralhada", enquanto discursava em um carro de som e imitava um fuzilamento; no mesmo palanque ele disse ainda querer "botar estes picaretas pra comer capim na Venezuela". O 8/1 estava sendo gestado quando o incivilizado afirmou: “vim para desconstruir, e não para construir”, em um jantar com representantes da extrema-direita nos Estados Unidos; ele confessou que chegara ao poder para levar adiante um projeto de demolição e de destruição nacional e que "o Brasil não é um terreno aberto onde nós iremos construir coisas para o nosso povo. Nós temos que desconstruir muita coisa".

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O 8/1 pode ser identificado na hipocrisia de Bolsonaro, que afirmou ter sido eleito com base num preceito bíblico sobre a verdade, mas sua campanha foi toda ancorada em fake news, como o kit gay, mamadeira de “piroca” e de que o Brasil caminhava para o comunismo. 

O 8/1 estava presente nos “inocentes” e “patrióticos” acampamentos golpistas que aconteceram com conivência em frente a quartéis e instituições militares em todo o Brasil, que aconteceram logo após a vitória de Lula em outubro de 2022, como forma de questionar o resultado eleitoral.

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O 8/1 estava nos atos de 12 de dezembro, quando apoiadores de Bolsonaro, deflagraram uma série de atos de vandalismo em Brasília na noite após a diplomação de Lula, queimando veículos foram queimados. 

Ou seja, o 8/1 não é apenas um dia, uma fotografia, mas um encadeamento de atos e fatos de responsabilidade de todos os incivilizados da extrema-direita brasileira, hoje presentada Bolsonaro.  

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Dito isso a reflexão é: foi uma grande frente venceu Bolsonaro, mas o bolsonarismo e a extrema-direita ainda precisam ser vencidos e para isso acontecer o esquerdismo e o hegemonismo “babaca” do PT tem de ser substituídos por práticas fraternas de convivência e acompanhar a compreensão que Lula tem dos movimentos de rotação e translação do universo da política e cada um nós.

Essas são as reflexões. 

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