38 anos com medo do Exército

(Foto: Ricardo Moraes/Reuters)


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A Ditadura Militar acabou em 1985. Hoje estamos no ano 2023 e ainda a esquerda e a sociedade civil como um todo vivem sob o medo do exército, mesmo ele estando hoje em seu momento mais frágil e sem possibilidade real de golpear a democracia. 

Com isso deduzimos duas conclusões: 1- desde o fim da Ditadura vivemos regimes civis que, de certa forma, são tutelados pelo exército; 2- a leitura histórica e da conjuntura real da esquerda estão há tempos erradas e já passou-se a hora de corrigirmos essa absurda monstruosidade banal e estéril que são as forças militares no Brasil. 

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Tudo, obviamente, tem uma explicação. Esse medo não veio de hoje mas da forma em que se conduziu a redemocratização do Brasil. A auto-anistia que os militares impuseram por decreto como condição de termos uma “democracia permitida” foi vergonhosamente aceita pela constituição de 1988 e, os governos civis de direita pós-1985, foram consolidando até chegar o tempo do falecimento dos torturadores e dos generais criminosos que entregaram nossa soberania econômica nas mãos de potências estrangeiras. 

O plano das forças armadas se tornarem em uma ferramenta técnica e apartada da política partiu do general castelista Ernesto Geisel. Ou seja, maioria do exército queria sua nulidade política por entender que é impossível o exército ocupar o comando de uma complexa sociedade civil. 

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1964 foi uma ruptura que durou tempo demais, mas a conjuntura da guerra fria, os esquemas escusos com o capital nacional e internacional tornou o período alargado demais, ainda que, desde a década de 70 já havia eleições diretas para o legislativo e depois para prefeituras e governos de Estado. Ou seja, foi uma ditadura militar com a anuência dos civis, por isso hoje chamada de ditadura civil-militar. 

O debate da revisão da Anistia e a formação da Comissão da verdade surgiram tarde demais e, acompanhadas sempre por fracos ministros da defesa. Ou seja, nada significaram na prática, a não ser ressuscitar comparações dos setores reacionários entre ambos os períodos o que desembocaria na tragédia de Bolsonaro. 

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Essa tragédia, porém, não foi só da sociedade civil, mas principalmente para as forças armadas. Bolsonaro quis dar protagonismo a uma instituição desengonçada, sem quadros políticos, sem quadros técnicos e sem qualquer condição de assumir qualquer ato da vida civil - vis à vis que nem mesmo controle de armamento foi capaz de gerenciar. 

O general da ativa, Pazuello, foi a maior prova do despreparo dos militares para o exercício de qualquer coisa. A falta de qualquer zelo por nossas fronteiras e as vistas grossas para o desmatamento e o garimpo ilegal provaram que sem comando civil o exército é incompetente, inepto e corrupto. Em suma, está na hora do Brasil crescer e, com medo do exército, nunca irá se desenvolver. A hora é agora pois no fim do período bolsonarista o exército desaguou onde era o seu destino natural: nas águas da baderna e no desrespeito a todas as instituições civis. 

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O primeiro ato deve ser a demissão do atual ministro da defesa. Ele é fraco e fala fino com esses baderneiros. Devemos ter um ministro da defesa de esquerda raiz e que não tenha medo de demitir, exonerar ou dar baixa em generais atrevidos. Ato contínuo, esse ministro deve promover quem está alinhado ao compromisso constitucional do exército e intervir na formação de cadetes que possuem uma visão torpe do período de 64 para frente e do protagonismo do exército em nossa história. 

O governo federal deve também extinguir a justiça militar e acabar com a polícia militar. Devemos ser um país normal. Em qualquer país civilizado a polícia é órgão civil. Policial militar existe em pequeníssimo contingente dentro dos quartéis. Por tempo demais vivemos a aberração de ver pelas ruas militares correndo atrás de bandidos e cometendo atrocidades sob o manto de uma justiça especial para eles. 

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Como fazer isso? Fazendo. Por decreto. Por ato constitucional. Pressionando o Congresso e o Senado que se sentirão aliviados de ter essa espada de Dâmocles sob suas cabeças. E, sobretudo, porque acabamos de viver sob o apoio do exército e da polícia militar o maior escárnio institucional de nossa História. Caso não seja agora, nunca mais será…

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