30 de outubro: feliz dia daqueles que "sustentam a economia"
Em 30 de outubro, comemora-se o Dia do Comerciário e da Comerciária. Uma profissão tão antiga quanto à humanidade, quando lá, nos tempos mais remotos, já se faziam escambos mesmo antes da invenção do dinheiro
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Por Julimar Roberto
Em 30 de outubro, comemora-se o Dia do Comerciário e da Comerciária. Uma profissão tão antiga quanto à humanidade, quando lá, nos tempos mais remotos, já se faziam escambos mesmo antes da invenção do dinheiro. E assim, em cima do trabalho árduo desses trabalhadores e trabalhadoras, as grandes economias foram construídas - Sem querer desmerecer as demais categorias, é claro!.
Mas onde estavam os comerciários e comerciárias no início e decorrer da pandemia? Estavam na linha de frente, nos caixas de supermercados, farmácias e todos os comércios considerados essenciais e que não fecharam um dia sequer nesse que foi um dos momentos mais dramáticos da humanidade. Sim, somos considerados fundamentais e, devido a isso, não nos foi dado o direito de nos resguardar em meio à crise sanitária que assolou o país, porque, segundo o governo e o capital econômico, “sustentamos a economia”.
Sempre que ouço essa justificativa de que nós, comerciários, “sustentamos a economia”, me vem à mente a imagem da estátua de Atlas, o titã que, na mitologia grega, é condenado por Zeus a sustentar os céus eternamente e aparece representado por um homem carregando o planeta Terra nas costas. E eu acho que é meio assim que nos sentimos, esmagados por uma responsabilidade que não nos beneficia em absolutamente nada.
Pois, se por um lado somos considerados imprescindíveis, por outro, continuamos invisibilizados. Tanto que, em momento algum, mesmo com as inúmeras intervenções que a Contracs fez junto ao Governo Federal exigindo que nossa categoria fosse incluída entre as profissões prioritárias na fila da imunização, fomos ignorados. E, em decorrência disso, perdemos muitos companheiros e companheiras para a Covid-19.
É essa dicotomia na nossa carreira, que nos imbui a permanecer na luta em busca de reconhecimento, de garantia de direitos e contra o sucateamento de nossa profissão. Luta essa que, no Brasil, segundo os registros conhecidos, perdura há mais de um século quando, em 1908, foi criada a União dos Empregados no Comércio do Rio de Janeiro, nossa primeira entidade de classe.
Naquele tempo, as condições impostas pelos patrões eram desumanas, análogas à escravidão. Mas como mudar preceitos tão arraigados? Com mobilização! E assim foi feito. Os trabalhadores e trabalhadoras passaram a compreender que sozinhos não possuíam força alguma, mas juntos, eram capazes de controlar a arma mais poderosa da classe trabalhadora: sua força de trabalho.
Daquele momento em diante, através da unidade, muitos direitos foram conquistados. Mas é imprescindível que as mulheres e homens que estão chegando agora na profissão se conscientizem que nenhum ganho foi gratuito. Nada nos foi dado de ‘mãos beijadas’ e tudo foi conquistado através da luta e sacrifícios.
Então, mais de 100 anos depois daquela primeira agremiação no Rio de Janeiro, em 2013, a então presidenta Dilma Rousseff sanciona a Lei 12.790/2013, que regulamenta a atividade do trabalhador comerciário. Marco que foi um divisor de águas para a consolidação de nossa carreira.
Mesmo assim, nossa jornada está longe de acabar, pois ainda não conquistamos o reconhecimento que nos é devido. Portanto, precisamos permanecer na luta e, mais que nunca, fortalecer nossa união. Pois aquela consciência de classe que começou a ser construída no início do século XX precisa ser alimentada diariamente em cada posto de trabalho, junto às bases, nas redes sociais e nos corredores de cada estabelecimento.
Sim, somos fortes enquanto classe trabalhadora e, tal qual feixe de lenha, precisamos nos manter unificados, juntos, inseparáveis.
Feliz Dia do Comerciário e da Comerciária a todos e todas e que essa data seja de comemoração, mas também de reflexão sobre o que queremos para o futuro de nossa carreira.
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