21 F: A união dos sindicatos na Argentina dá um alto lá a Macri!

Após o golpe de Macri impondo a balaços a Reforma da Previdência no Congresso em dezembro, o povo argentino não se rende; em pé de luta, retorna em campo, decidido, com novos segmentos sociais e com um movimento sindical unido, marcando história neste dia 21 de fevereiro (21F), e iniciando uma resistência que promete ser irreversível neste 2018

Após o golpe de Macri impondo a balaços a Reforma da Previdência no Congresso em dezembro, o povo argentino não se rende; em pé de luta, retorna em campo, decidido, com novos segmentos sociais e com um movimento sindical unido, marcando história neste dia 21 de fevereiro (21F), e iniciando uma resistência que promete ser irreversível neste 2018
Após o golpe de Macri impondo a balaços a Reforma da Previdência no Congresso em dezembro, o povo argentino não se rende; em pé de luta, retorna em campo, decidido, com novos segmentos sociais e com um movimento sindical unido, marcando história neste dia 21 de fevereiro (21F), e iniciando uma resistência que promete ser irreversível neste 2018 (Foto: Helena Iono)


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Após o golpe de Macri impondo a balaços a Reforma da Previdência no Congresso em dezembro, o povo argentino não se rende; em pé de luta, retorna em campo, decidido, com novos segmentos sociais e com um movimento sindical unido, marcando história neste dia 21 de fevereiro (21F), e iniciando uma resistência que promete ser irreversível neste 2018.

Convocada como "Marcha do 21F", esta manifestação massiva de 450 mil lotou a entrada sul da avenida 9 de Julho, e suas artérias, estendendo-se a partir do famoso mural de Eva Perón rumo ao bairro de Constitución, rompendo o cerco midiático dos dias anteriores, do Clarin às TVs e meios de comunicação hegemônicos, "trolls" reacionários, que orquestraram uma campanha martelante e suja para que a 21F fracassasse, inundando as redes sociais com caluniosos chamados à não adesão ao que denominavam manifestação da "máfia sindical" . O resultado foi um contundente e multitudinário rechaço global à política econômica de Macri. Se no Brasil, o carnaval inundou as favelas do Rio com faixas "STF, se o Lula for preso, o Morro vai descer!", e a Tuiuti abafou o mundo com o Temer "Vampirão", as partidas nos estádios de futebol na Argentina se transformaram em emissores massivos de cânticos de protesto: "Maurício Macri, filho da p... !" Não é uma palavra de ordem, mas é um estado de ânimo generalizado de descontentamento social.

O esquema do chamado "lawfare", maquinado pelo poder hegemônico das finanças e abutres internacionais a galope da demolição do Estado e das conquistas sociais do kirchnerismo, passa da guerra judicial contra Cristina Kirchner e a prisão de dirigentes políticos do seu governo, a apontar a mira contra os sindicatos e as suas lideranças, com o intuito de dividir e desmobilizar o protesto organizado e justificar a próxima aprovação da "Reforma" Trabalhista no Congresso com o trem de cortes nos salários, no fundo sindical, acionando a flexibilização trabalhista, a morte das negociações paritárias, etc.., tal qual no Brasil de Temer. Há muito, "Cambiemos" (Macri) já vem ameaçando, em vão, os dirigentes combativos autênticos de uma das categorias mais exploradas, a dos sindicatos de professores (Suteba e Cetera) vinculados à CTA dos Trabalhadores. Agora decidiram recatar a burocracia sindical da CGT, habituada à concertação com Macri e o empresariado, chamando-a de "máfia sindical". Iniciando com um show midiático da prisão de um sindicalista corrupto, bode expiatório para a direita, Marcelo Balcedo (SOEME), montaram o pretexto jurídico para generalizar e ameaçar outros dirigentes do aparato sindical da CGT, antes cooptados com o governo. O ataque central é a Hugo Moyano, dirigente tradicional do poderoso sindicato dos camionistas, com força corporativa e capacidade de mobilização massiva da categoria; também ex-membro do chamado Triunvirato da CGT, que hoje, se encontra em crise de desmembramento.

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O nível de agressão atual às conquistas históricas dos trabalhadores, desde o peronismo ao kirchnerismo, o quadro desolador do desemprego massivo (cerca de 10 mil em 2 meses, desde dezembro, sobretudo na juventude), o massacre dos aposentados, o empobrecimento a olhos vistos do povo argentino nos últimos 2 anos, chegou ao limite. Fatos chocantes sucedem dia após dia: fechamento na fábrica de produção militar de Azul; da mina de carvão de Rio Túrbio (sob falsa alegação de reconversão, exacerbando o desespero social na única fonte de emprego do povoado); demissão de pessoal médico, com a força de gendarmes, no famoso Hospital Posadas; e desativação de dezenas de escolas públicas na província de Buenos Aires. A prometida "pobreza zero" de Macri é varrer com os pobres, que devem pagar pelo perdão dos impostos à oligarquia, aos "off-shores" milionários e pela nova dívida externa aos abutres internacionais (superior a 110.648 milhões de dólares desde dezembro de 2015). Neste clima, a burocracia sindical da CGT se rompe. De duas, uma: ou se regenera e sai do caminho, abrindo alas a novas lideranças dos trabalhadores, ou embarca no avião do governo de empresários, como tentaram os burocratas sindicais, Héctor Daer da cúpula (triunvirato) da CGT, Linghieri, Martinez, Cavallieri, Rodriguez, etc... rumo à Europa, durante a marcha do 21F, ao lado do patronal Ministro do Trabalho, Triaca (denunciado por corrupção e ilegalidades trabalhistas com o seu pessoal doméstico).

A acusação de corrupção contra Hugo Moyano por parte do governo inicia-se a partir do momento em que aquele decidiu romper com a concertação e o seu apoio inicial a Macri, para acompanhar a causa dos trabalhadores. Seu filho, Pablo Moyano, atual dirigente sindical dos camionistas pressiona a favor da base, afastando-se do governo. Desta forma, Hugo Moyano, por oportunismo ou não, deu um passo importante, unindo-se à manifestação do 21F, conduzindo uma boa parte da base peronista da CGT ao bloco sindical unificado das duas CTAs (a dos Trabalhadores de Hugo Yasky e a Autônoma de Pablo Michelli ), à Corrente Federal dos Trabalhadores (Bancários de Sergio Palazzo), ATE (Estatais da capital), Sindicato dos Professores (Ctera, Suteba, CND), CTEP (economia popular), Bairros de Pé, todos os partidos, parlamentares de esquerda, movimentos pelos Direitos Humanos (madres e avós de Praça de Maio). Assim se compôs a multitudinária manifestação, com vários rostos, incluindo cidadãos soltos, independentes, desempregados, estrondosos movimentos populares que compuseram a maioria ao lado do imponente bloco operário sindical argentino, impossibilitando-se qualquer tipo de provocação de infiltrados funcionais ao governo e gendarmes, como ocorrido em dezembro contra a "reforma" da previdência. Com uma popularidade de Macri já bem abaixo dos 38%, eleitores arrependidos de "Cambiemos" começam a engrossar as filas opositoras, e os panelaços. A falsa campanha governista de que o 21F seria uma manifestação violenta, de autopromoção do sindicalista Hugo Moyano, foi levada de roldão pelos 450 mil, cuja liderança decidiu preparar um plano de lutas nos próximos dias, desde assembleias de delegados de fábrica, sindicatos, e bairros até uma greve geral nacional para impedir a "Reforma Trabalhista" e revogar a "Reforma da Previdência".

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A "Reforma da Previdência" foi imposta no Congresso com balas, guerra midiática e a pressão do Executivo sobre governadores (incluindo a direita peronista) que venderam o voto e a vida dos anciãos em troca de orçamento regional (hoje esvaziado pela isenção federal às mineradoras e à oligarquia rural exportadora). Mas, o 21F traz elementos novos para o fortalecimento do movimento de massas. Com a crise de direção da CGT, Macri começa a perder uma base de apoio no peronismo. Se o chefe macrista da Casa Civil, Marcos Peña, provoca com cinismo ao dizer que "faltou Cristina" no palco dos manifestantes é porque o 21F lhes tocou. O "fantasma da herança" persegue o governo mafioso de Cambiemos. Cristina e o kirchnerismo não precisaram subir ao palco porque estavam presentes no clamor das ruas, e na decisão de luta dos 450 mil do 21F.

A "Reforma Trabalhista", enfrentará um movimento sindical que não se rende, nem se divide, ao contrário, poderá depurar boa parte da burocracia sindical, permitindo fazer valer a voz das bases e atrair um espectro mais amplo das forças sociais, dos desorganizados, da classe média, dos comerciantes e pequenos empresários para impedir a invasão total do capital financeiro, e a destruição do país, preparando um 2019 eleitoral com Cristina Kirchner para recuperar as conquistas sociais, os direitos humanos e a dignidade do povo argentino.

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