“1984”, Volksempfanger, Gabinete do Ódio e pizza na calçada

(Foto: Reprodução/Instagram | Mídia NINJA)


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1984 é um romance escrito por Eric Arthur Blair, mais conhecido como George Orwell, talvez seja um dos romances mais influentes do século XX; é a obra mais icônica referente a personificação do poder absoluto.Foi lançado um pouco após a Segunda Guerra Mundial, um tempo em que ainda existia uma forte lembrança de toda a guerra, do poder nuclear com a bomba atômica e da força destrutiva dos governos autoritários.

A história é uma distopia futurista que projeta como seria a vida no ano de 1984, 35 anos após a sua publicação. 

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No mundo distópico de '1984' o personagem principal Winston Smith trabalha num impensável “Ministério da Verdade”, cujo objetivo é falsificar a história, reescrevendo-a sempre que o Partido desejar estabelecer uma nova versão dos fatos.No livro, o “Grande Irmão”, é um autocrata da Oceania, a representação simbólica do partido que comandava o governo; a imagem dele está em toda parte, e mesmo sem que ninguém o veja há cartazes com a frase com os dizeres: “Big Brother is Watching you” (O Grande Irmão está te vigiando).O “Grande Irmão” não erra, mas se errar os funcionários do Ministério da Verdade promovem a “adequação” da história, apagando e reescrevendo registros e notícias do passado, de modo a tornar suas previsões absolutamente precisas; é o que fazem Bolsonaro e os bolsonaristas quando negam a ditadura, a tortura e quando envergonham o Brasil na ONU.O Ministério da Verdade se apresenta tão poderoso que pode até mesmo apagar existências, evaporando da história e tornando-as "impessoas”.O Ministério da Verdade de “1984” tinha função parecida com a do gabinete de ódio instalado no Palácio do Planalto?  Sim, mas o “Gabinete do Ódio” pode também ter sido inspirado no Volksempfanger de Hitler.O Volksempfanger era um rádio baratinho lançado em 1933 por Goebbels; como indica o nome, “rádio do povo”, seu alcance era limitado às estações alemãs; a Alemanha toda ouvia Hitler diariamente e suas versões pelo rádio. Segundo a jornalista Patrícia Campos Mello, entre 1933 e 1939 teriam sido produzidos 7 milhões de rádios populares, para uma população de 70 milhões de alemães; 65% dos lares na Alemanha tinham um Volksempfanger.O alcance do “Gabinete do Ódio” dos bolsonaro é similar ao Volksempfanger de Hitler.

Um dos amigos de Bolsonaro, o primeiro-ministro húngaro Viktor Orbán sempre diz que para destruir as instituições e enganar o povo basta “inundar as redes sociais e grupos de WhatsApp com a versão dos fatos que se quer emplacar para que ela se torne verdade, abafando as narrativas, sobretudo as reais. Essa é a versão moderna de golpe de estado e de autoritarismo; os governantes não rasgam a constituição, nem dão golpes de Estado clássicos, eles corroem as instituições “por dentro” delas.

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Bolsonaro, Trump, Orban, Putin, são fervorosos adeptos desse procedimento.

No seu livro “Origens do Totalitarismo” Hannah Arendt explica esse fenômeno de maneira precisa: “Num mundo incompreensível e em perpétua mudança, as massas haviam chegado a um ponto em que, ao mesmo tempo, acreditavam em tudo e em nada, julgavam que tudo era possível e nada era verdadeiro. [...] A propaganda de massa descobriu que seu público estava sempre disposto a acreditar no pior, por mais absurdo que fosse...”.

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O manejo das redes sociais e do WhatsApp pelos bolsoBoys está anos luz à frente ao de qualquer outro grupo político, nesse sentido é possível dizer que o filho “zerodois” é um gênio.

Bem, o estrago é grande, por isso é possível afirmar que o STF está demorando demais para acabar com o gabinete do ódio, esses cyber-criminosos buscam controlar os adeptos, espalhar mentiras, versões e destruir reputações, através das fakes news disparadas criminosamente e sem nenhum constrangimento, são verdadeiras organizações criminosas que atuam nas redes sociais.

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Há um inquérito na Polícia Federal que apura os atos antidemocráticos, com sigilo parcial, que jogou nova luz sobre a estrutura de páginas e perfis nas redes sociais ligados ao chamado "gabinete do ódio". 

Há assessores empregados na Presidência da República, mas há grande capilaridade, envolvendo pelo menos três filhos de Bolsonaro e políticos aliados.

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As investigações indicam, contudo, que essa estrutura vai além do governo federal. Uma das hipóteses de crimes contra a segurança nacional investigados pela PF diz respeito a essa rede de contas. A PF afirma que, entre 2019 e junho de 2020, agentes públicos ligados à Secom e a políticos aliados ao clã Bolsonaro usavam canais no Twitter, YouTube, Facebook que incitaram parcela da população à subversão da ordem política ou social e à animosidade das Forças Armadas contra o Supremo Tribunal Federal e o Congresso Nacional. 

Os novos elementos reforçam a tese de que o "gabinete do ódio" é coordenado diretamente pela família Bolsonaro e operacionalizado por três assessores presidenciais recrutados pelo vereador Carlos Bolsonaro; à PF, eles admitiram pela primeira vez atuar na comunicação do governo federal.

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Informações levantadas pela CPMI das Fake News e pelo DFRLab, organização forense digital que tem parceria com o Facebook, dão conta da participação do deputado federal Eduardo Bolsonaro no comando do "gabinete do ódio". Dois de seus então assessores parlamentares foram identificados como donos de contas ligadas à estrutura de desinformação e ataques a adversários políticos, informação referendada pela PF. 

Enfim, vivemos sob a presidência de um cyber-criminoso populista, sem projeto para o país, servil ao mercado financeiro e alinhado ideologicamente à extrema-direita, sendo dela um dos expoentes.

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Com essa gente não há conciliação possível, com eles ninguém honesto pode querer comer pizza na calçada, são criminosos, por isso temos que denunciá-los e dar a eles o que merecem: a cadeia.

Essas são as reflexões.

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