1964, o ano que não terminou...

É o momento de coragem, avaliações honestas, menos discursos e palavras de ordem e mais militância, é o momento de se formar uma frente democrática, progressista para a Defesa da Democracia, é o momento de unir forças para quem sabe, em 31 de dezembro de 2019 saltarmos para 2020, sepultando definitivamente 1964

1964, o ano que não terminou...
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Começo em 1968 para chegar em 1964...

Em 1968 a juventude se rebelou em todo o mundo e protagonizou uma revolução cultural e nos costumes. O Brasil vivia um contexto de endurecimento da ditadura militar, instalada em 1964 e que jamais saiu de cena.

Zuenir Ventura nos ofereceu uma obra cujo título é: "1968 O ano que não terminou" na qual ele relata, de forma romântica, como os acontecimentos de 1968 marcaram a história do Brasil e do mundo. O livro é ambientado em uma festa de réveillon, na casa de Heloísa Buarque de Holanda, onde vários estudantes e intelectuais especulavam sobre como seria o tão esperado ano de 1968.

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Muitos acreditavam que naquele 1968 alguns projetos sociais iriam se concretizar, havia uma efervescência cultural, estética e política em todo o mundo, diante do que havia uma certeza que o ano de 1968 poderia vir seguido de grandes acontecimentos e de avassaladoras emoções.

De fato, em 1968 as trajetórias políticas e culturais, tanto do mundo quanto do Brasil, tomaram rumos e despertaram sonhos que marcaram para sempre a história cultural e política de várias épocas.

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Mas, os sonhos daquela geração foram sufocados. Logo a geração protagonista da passeata dos 100 mil, que protestou contra a Guerra do Vietnã, que viu na Primavera de Praga um Alexander Dubcek assumir o governo da Tchecoslováquia (hoje República Tcheca) e dar início uma série de reformas políticas, sociais, econômicas e culturais, em busca de um "socialismo humanizado" fazendo justas e necessárias críticas ao regime stalinista na URSS.

Os sonhos foram sufocados por eventos trágicos, como o assassinato de Martin Luther King e Robert Kennedy, pela morte do estudante Edson Luís, pela repressão aos movimentos de maio de 1968 na França, através da prisão de estudantes no Congresso da UNE, pelo massacre de Tlatelolco, no México (apenas dez dias antes dos Jogos Olímpicos do México um protesto de estudantes em Tlatelolco, no centro da capital do país, foi brutalmente reprimido pelo Exército mexicano), além de outros tantos eventos. E por aqui, apesar de todos os movimentos fundamentais daqueles jovens, o AI-5 institucionalizou o arbítrio e tornou o pensar em crime de segurança nacional.

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Feita essa introdução, homenagem a Zuenir Ventura e seu livro, peço licença para afirmar que 1964 é o ano que de fato não terminou, pois a cada ano vivemos a tragédia de saltar de 31 de dezembro para 31 de março de 1964.

Esse salto para o passado é possível porque a chamada redemocratização, perpassando pela tal transição democrática, o autoritarismo é estrutural em nosso país não foi substituído por interações institucionais verdadeiramente democráticas, razão pela qual a nossa democracia segue sendo relativizada sempre que interesses dos colonizadores ou do império são importunados, sob aplausos histéricos da classe média colonizada.

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Há um livro chamado "De Sarney a Collor – reflexões Politicas, Democratização e Crise (1985 – 1990)" de David Maciel, na qual ele afirma que a transição democrática, representada pelo governo Sarney, cuidou apenas de substituir a institucionalidade da ditatura, por uma institucionalidade pretensamente democrática, pois manteve estruturas e instituições sob a orientação da compreensão do alto comando das forças armadas.

Não teria sido, por óbvio, o governo Sarney e a constituinte capazes de romper com o entulho autoritário, menos ainda Collor ou Itamar.

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Penso que Fernando Henrique e Lula poderiam ter feito reformas fundamentais, mas as escolhas de seus governos mantiveram no centro de decisão o calendário eleitoral.

FHC rendeu-se ao liberalismo e deu de ombros para o Brasil. Seu governo não tinha um projeto para o país, foi um período de desmonte e irresponsabilidade, um fim triste para o charmoso intelectual da USP.

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Lula, por seu turno, apostou todas as fichas num governo excessivamente conciliador e pautado por um republicanismo infantil. Em oito anos Lula fez muita coisa boa, algumas excepcionais, mas não promoveu nenhuma reforma estrutural necessária, nem agrária, nem tributária, nem política.

O custo da excessiva conciliação e da falta de coragem para fazer reformas necessárias é a convivência e submissão às estruturas e instituições e estruturas inauguradas em 1964, as quais, atendendo aos interesses do império, colocaram Lula na prisão, nos transformou em criminosos, além de nos impor, mais uma vez um retorno a 31 de março de 1964...

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O que fazer?

É o momento de coragem, avaliações honestas, menos discursos e palavras de ordem e mais militância, é o momento de se formar uma frente democrática, progressista para a Defesa da Democracia, fazer a denúuncia do Lawfare que Lula e a esquerda sofrem, é o momento de unir forças para quem sabe, em 31 de dezembro de 2019 saltarmos para 2020, sepultando definitivamente 1964.

 

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