11 de setembro foi o prelúdio. 6 de janeiro foi o Santo Graal
Se haverá ou não uma guerra civil irá depender do grau de estoicismo das multidões de deploráveis
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Por Pepe Escobar, para o Strategic Culture
Tradução de Patricia Zimbres, para o 247
Ouço os filhos da cidade e os despossuídos
Abaixarem-se, despirem-se
Embonitarem-se, mas eu e você
Nós temos o reino, nós temos a chave
Nós temos o império, agora como antes
Não duvidamos, não seguimos instruções
Lucrécia, meu reflexo, dança o fantasma comigo
Sisters of Mercy, Lucretia my Reflection
11 de setembro foi o prelúdio. 6 de janeiro é o Santo Graal.
O 11 de setembro abriu os portões da Guerra Global ao Terror, mais tarde amenizada pela Equipe Obama com o nome de Operações de Contingência Ultramarinas, e suavemente ampliada para o bombardeio, aberto ou clandestino, de sete países.
O 11 de setembro abriu os portões para a Lei Patriota, cuja essência já havia sido redigida em 1994 por um tal de Joe Biden.
O 6 de janeiro abre os portões da Guerra Interna ao Terror e à Lei Patriota dos Infernos 2.0, agora bombada a esteróides (aqui vai o Projeto de Lei de 2019), todas as 20 mil páginas que, assim, sem mais nem menos, surgem do mar como Vênus, logo no dia seguinte, pronta para entrar em cena imediatamente.
E, como o inevitável par da Lei Patriota 2.0, haverá guerra no exterior, com a volta a pleno vapor daquilo que o ex-analista da CIA Ray McGovern memoravelmente batizou de complexo MICIMATT (Militar-Industrial-Parlamentar-de Inteligência-Midiático-Acadêmico-ThinkTank).
E quando o MICIMATT começar a próxima guerra, rigorosamente todos os protestos serão tachados de terrorismo interno.
O falso golpe
O que quer que realmente tenha acontecido em 6 de janeiro no Valhalla militarizado de uma superpotência que gastou inimagináveis trilhões de dólares em segurança desde o início do milênio, o elaborado circo de operações psicológicas-operações fotográficas - não faltando sequer o estrategicamente fotogênico ator viking-MAGA - jamais teria acontecido se não tivesse licença para acontecer.
Até o Dia do Juízo Final haverá debates incandescentes quanto a se o colapso foi orgânico - de iniciativa de umas poucas centenas entre os pelo menos dez mil manifestantes pacíficos que cercaram o Capitólio - ou se foi um script programado de uma revolução colorida de falsa bandeira instigada por uma quinta-coluna de agentes provocadores profissionais infiltrados na multidão.
O que importa é o resultado final: o produto manufaturado - a "insurreição de Trump" - para todos os fins práticos, enterrou a apresentação ao Capitólio, já em andamento, de evidências de fraude eleitoral, reduzindo a manifestação maciça de meio milhão de pessoas que precedeu à invasão a "terrorismo doméstico".
Certamente que não houve um "golpe". O importante estrategista militar Edward Luttwak, que assessora o Pentágono em questões de guerra cibernética, tuitou: "ninguém dá um golpe durante o dia". O que aconteceu foi nada mais que um espetáculo, pessoas expressando emoções", um falso golpe no qual não houve nem incêndios nem saques generalizados, e relativamente pouca violência (compare-se a Maidan 2014): imagine-se "insurretos" caminhando pelo Capitólio e respeitando as correntes de veludo.
Uma semana antes do 6 de janeiro, um operador de inteligência do Deep State, hoje dissidente mas ainda muito conectado, apresentou essa opinião fria e desapaixonada do Quadro Geral:
"Tel-Aviv traiu Trump ao negociar com Biden, e então eles o jogaram aos cachorros. Sheldon Adelson e a Máfia não têm o menor escrúpulo em trocar de lado e juntar-se ao vencedor, seja por bem ou seja por mal. Pence e McConnell também traíram Trump. Foi como se Trump houvesse entrado no Senado Romano como Júlio César para morrer apunhalado. Qualquer trato que Trump faça com o Deep State não será mantido, e eles, em segredo, vêm combinando eliminá-lo para sempre. Trump tem em mãos o trunfo. A lei marcial. Os tribunais militares. E a Lei da Insurreição. A questão é se ele vai usá-lo ou não. A guerra civil virá, independentemente do que aconteça a ele, mais cedo ou mais tarde".
Se haverá ou não uma guerra civil irá depender do grau de estoicismo das multidões de Deploráveis.
Alastair Crooke esboçou brilhantemente as Três Principais Questões que formam a "Epifania da América Vermelha": eleições fraudadas; o lockdown como uma estratégia premeditada para a destruição das pequenas e médias empresas e a sombria perspectiva de "cancelamento" por parte de um novo "totalitarismo brando" progressista orquestrado pela Big Tech.
Uma dica sobre o Cadáver Lendo um Teleprompter, também conhecido como o Presidente-eleito, e suas palavras agourentas do dia 6 de janeiro: "Não ouse chamá-los de protestadores. Eles eram uma turba amotinada. Insurreto. Terroristas internos". Algumas coisas nunca mudam. George W. Bush, imediatamente após o 11 de setembro: "Ou você está conosco ou com os terroristas".
Essa é a narrativa hegemônica, gravada na pedra, agora sendo implementada com mão de ferro pela Big Tech. Primeiro eles perseguiram o Presidente dos Estados Unidos. Depois, ele perseguem você. Qualquer um, em qualquer lugar, que não siga os ditames tecno-feudais da Big Tech, SERÁ cancelado.
Bye, bye, Miss American Pie
E é por isso que o drama é muito, muito maior que um mero Presidente dos Estados Unidos atrapalhado.
Todas as instituições controladas pela classe dominante - das escolas aos meios de comunicação de massa e as maneiras como os locais de trabalho são regulamentados - cairão em cima dos Deploráveis sem dó nem piedade.
O matador e mentiroso profissional da CIA John Brennan, o principal criador do totalmente desmoralizado Russiagate, tuitou sobre a necessidade de, na prática, instalar campos de reeducação. Os chefões da mídia defenderam a "limpeza do movimento".
Em termos políticos, os Deploráveis só têm o trumpismo. E é por isso que o trumpismo, com a possibilidade real de se estabelecer como um terceiro partido, precisa ser esmagado. ) O 0,0001% tem pavor da possibilidade de secessão ou de revolta armada e, portanto, precisa urgentemente tomar medidas preventivas contra o que, por enquanto, é um movimento de massas nacionalista, por mais rudimentares que sejam suas propostas.
O "desconhecido desconhecido", para evocar o notório neocon Donald Rumsfeld, é se a plebe exasperada chegará algum dia a se munir de ancinhos - e tornar ingovernável o latifúndio feudal do 0,0001%. E também há o elemento literalmente fumegante - aquele meio bilhão de armas de fogo espalhadas pelo país.
O 0,0001% sabe perfeitamente que Trump, afinal das contas, nunca foi um agente radical da mudança revolucionária. De forma incipiente, ele canalizou as esperanças e os medos da América Vermelha. Mas em vez do palácio luxuoso adornado de ouro, o que ele entregou foi uma cabana no deserto.
Enquanto isso, a América Vermelha, intuitivamente, entendeu que Trump, pelo menos, era um conduíte útil. Ele deixou a nu o verdadeiro funcionamento do pântano corrupto. Ele mostrou que essas "instituições" são meros fantoches das grandes empresas - e que elas ignoram por completo o homem comum. E que o Judiciário é supremamente corrupto - lá, nem mesmo o Presidente dos Estados Unidos consegue ser ouvido. E que a Pharma e a Tech na verdade expandiram o MICIMATT. E, acima de tudo, que o paradigma dos dois partidos é uma mentira monstruosa.
Então, para onde irão os 75 milhões de eleitores cassados - ou os 88 milhões de seguidores no Twitter?
No pé em que as coisas andam, nos vemos mergulhados até o pescoço em uma Guerra de Classes Barra Pesada. O Topo da Gangue da Mutreta tem total controle. Os restos mortais da "Democracia" se desfizeram na Midiacracia. À frente, não há nada além do expurgo mais cruel, infindáveis perseguições, censura, vigilância ampla, esmagamento das liberdades civis, narrativa única, de (in)cultura de cancelamento generalizada. E ainda piora: na semana que vem, esse aparato paranoico se fundirá à máquina tenebrosa do Governo dos Estados Unidos.
Portanto, sejam bem-vindos ao Domínio Interno de Espectro Total. A Alemanha de 1933 bombada a esteróides. O retorno de 1984. Não é à toa que a hashtag #1984 foi banida pelo Twitter.
Cui bono? Quem lucra? O tecnofeudalismo, é claro - e os tentáculos entrelaçados da Grande Reinicialização trans-humanista. Conteste-a e você será cancelado.
Bye, bye, Miss American Pie. Esse é o legado de 6 de janeiro.
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