Superação do conflito armado na Colômbia depende da resolução de suas causas, diz comandante do ELN
Grupo armado e governo colombiano terão uma reunião de emergência em 17 de janeiro na Venezuela
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247 - O principal comandante do Exército de Libertação Nacional (ELN), Antonio García, cobrou do governo Gustavo Petro o reconhecimento da "natureza política e social" do conflito armado no país, em uma entrevista concedida à jornalista Rosalba Alarcón Peña, do portal independente colombiano AlCarajo.org.
"Toda improvisação vem de uma leitura errada da realidade. Todos os governos têm atuado sob a política de negar a existência de um conflito armado de natureza política e social, não aceitam que o conflito armado tenha algumas causas e, portanto, consideram que a superação do conflito só tem a ver com desmobilização e desarmamento dos guerrilheiros. O M-19 negociou dentro dessa lógica, mas a realidade do país não mudou. Esperamos que não haja os mesmos improvisos dos governos anteriores", disse García, na entrevista publicada na última quarta-feira (11).
No sábado, o governo colombiano e o ELN anunciaram que farão uma reunião de emergência em 17 de janeiro na Venezuela para tentar restabelecer as negociações de paz. As conversas esfriaram após o grupo armado negar, no início do ano, um acordo de cessar-fogo anunciado pelo presidente Petro.
Segundo García, é necessário "solucionar a crise que se gerou com as declarações unilaterais do presidente, referidas a um suposto acordo de cessar-fogo bilateral com o ELN, o que não existe. Há uma rota de discussão que terá de ser retomada, uma vez que se solucione".
O conflito armado na Colômbia dura quase seis décadas e deixou pelo menos 450 mil mortos e milhões de desalojados. O governo Petro propõe a chamada 'Paz Total', e vem apresentando reformas significativas nesse sentido, como a reforma agrária, prevista no acordo de paz de 2016 com rebeldes das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC).
Um dos entraves para a paz, aponta García, é a questão dos presos políticos, mantidos, segundo o comandante, em condições desumanas.
"Há algum tempo se fala em mais de 10.000 presos políticos, do ELN são mais de 500. As condições são subumanas, superlotação, falta de assistência médica. Há casos de doenças terminais que não são levados em consideração há muitos anos. A perseguição contra nossos presos é permanente, eles são punidos com o envio para presídios que impedem visitas de familiares. Os governos anteriores negaram a existência de presos políticos, estão tentando cobrir o sol com as mãos, já que existem em todos os países. O mais lamentável é que um dos promotores dessa leitura foi o CICV [ Comitê Internacional da Cruz Vermelha], que se recusou sistematicamente por mais de uma década a dar atenção humanitária aos presos políticos, porque para eles eles não existem", disse.
O ELN, uma guerrilha ativa na Colômbia, é acusado de recrutamento forçado de menores, tráfico de drogas, assassinatos, sequestros e atentados a bomba. O grupo é considerado uma organização terrorista pelos Estados Unidos e pela União Europeia.
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