América latina

Peru: Governo vai à Corte Interamericana de Direitos Humanos para anular decisão que liberta Alberto Fujimori

O vice-ministro da Justiça disse que "assassinos e corruptos não devem ser favorecidos com nenhum tipo de decisão que lhes permita sair de um estabelecimento penal"

Alberto Fujimori
Alberto Fujimori (Foto: REUTERS/Mariana Bazo/File Photo)


✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no canal do Brasil 247 e na comunidade 247 no WhatsApp.

ARN - O vice-ministro da Justiça do Peru, Juan Carrasco Millones, confirmou que o governo irá à Corte Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) para anular a decisão do Tribunal Constitucional (TC) que permite a libertação do ex-presidente Alberto Fujimori.

“O que a CIDH indicou não foi cumprido, que o indulto não é apropriado para pessoas que cometeram crimes tão graves como homicídio qualificado e crimes contra a humanidade”, disse Carrasco.

“Os assassinos e corruptos não devem ser favorecidos com qualquer tipo de decisão que lhes permita sair de um estabelecimento penal. Eles devem cumprir sua pena e também pagar suas reparações civis”, disse o vice-ministro. Ele explicou que as vítimas deste caso estão sendo revitimizadas com esta decisão do TC, porque não foram consideradas na resolução.

A autoridade do Ministério da Justiça disse que aguarda o recebimento da notificação oficial e formal da Corte, para então tomar as medidas correspondentes, inclusive a ida à CIDH. O governo de Pedro Castillo, disse ele, vai buscar reverter essa decisão "que reabre definitivamente feridas que já estavam fechando".

“Existem mecanismos constitucionais aos quais o Peru vai recorrer quando formos notificados e vermos quais são as alegações, o apoio e os fundamentos do TC para emitir esta decisão que, definitivamente, para todos os peruanos que acreditam na democracia e na justiça, é totalmente ultrajante", disse Carrasco.

O presidente Castillo escreveu nesta quinta-feira em sua conta no Twitter: "A crise institucional a que me referi em minha mensagem ao Congresso se reflete na última decisão do TC. Os órgãos de justiça internacional aos quais o Peru está vinculado e o Estado de direito devem salvaguardar a exercício efetivo da justiça para o povo".

Enquanto isso, a filha do ex-presidente, Keiko Fujimori, disse que recebeu a notícia do perdão do pai "com surpresa" e que agora só pensa em encontrar um lugar para passar sua liberdade.

A decisão do TC gerou críticas de organizações sociais e organismos internacionais. Seis grupos que lutam pelos direitos das pessoas afetadas pelo governo Fujimori pediram na quinta-feira à Corte Interamericana que adote medidas enquanto milhares de pessoas saíram às ruas para protestar contra essa decisão do TC.

Não é a primeira vez que organizações recorrem à Corte Interamericana em casos envolvendo Fujimori. A Corte Interamericana realizou uma audiência em fevereiro de 2018 e emitiu uma resolução em 30 de maio do mesmo ano em que reconheceu a inconvencionalidade do perdão concedido a Fujimori e ordenou que o Estado peruano tomasse medidas constitucionais para avaliar definitivamente sua decisão.

continua após o anúncio

O processo de perdão para Fujimori

Nesta quinta-feira, o TC decidiu a favor do ex-presidente Fujimori e se beneficiará do perdão humanitário ordenado em 2017 pelo ex-presidente Pedro Pablo Kuczynski (2016-2018).

Fujimori, 83 anos, está na prisão de Barbadillo, cumprindo pena de 25 anos de prisão (dos quais ele teria 10 anos para cumprir), por crimes de corrupção e crimes contra a humanidade. Na semana passada, ele havia sido transferido para uma clínica para receber atendimento médico.

Com três votos a favor e três contra, a decisão foi favorável a Fujimori porque o presidente do tribunal vale o dobro em situações de empate. Além do indulto, o tribunal ordenou a libertação do ex-presidente. O perdão de Kuczynski era objeto de uma disputa judicial desde 2017.

O advogado do ex-presidente, César Nakazaki, comemorou a decisão judicial em declarações à mídia local e assegurou que "o perdão humanitário procede antes de qualquer crime, mesmo que tenha havido crimes de guerra, o que não está legislado no Peru. O perdão humanitário é diferente do Comum".

Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista: 

continua após o anúncio

iBest: 247 é o melhor canal de política do Brasil no voto popular

Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:

Comentários

Os comentários aqui postados expressam a opinião dos seus autores, responsáveis por seu teor, e não do 247

continua após o anúncio

Ao vivo na TV 247

Cortes 247