Paraguai: senadores rejeitam proposta de exaltar soberania do país diante de "ações questionáveis" do embaixador dos EUA
O representante do governo Joe Biden nomeou o ex-presidente Horacio Cartes e o vice-presidente Hugo Velázquez como pessoas “significativamente corruptas”
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ARN - A Câmara de Senadores do Paraguai não votou nesta quinta-feira uma proposta que exaltava a soberania do país e questionava as "ações" do embaixador dos Estados Unidos, Marc Ostfield, que afirmou que seu governo considera o ex-presidente Horacio Cartes e o vice-presidente Hugo Velásquez corruptos.
A iniciativa, na qual o embaixador e o governo dos Estados Unidos são lembrados de que o Paraguai "é uma república soberana e independente" e o presidente Mario Abdo é criticado por ser "tímido", foi promovida por senadores que pertencem ao setor do ex-presidente Cartes.
A medida teve 13 votos a favor, 23 contra e nove parlamentares faltaram.
O senador Juan Carlos Galaverna qualificou as acusações contra Cartes como uma "interferência" dos Estados Unidos e considerou o papel do presidente Abdo "lamentável". “Dado isso, um poder estatal pode se posicionar diante desse maldito costume dos EUA de não respeitar a soberania. Exigimos que respeitem também a nossa soberania, autonomia e independência”, acrescentou o legislador.
Durante a sessão, o senador Carlos Filizzola, da Frente Guasu, expressou que sempre questionou a "interferência" dos Estados Unidos. "Mas não é porque agora afeta um determinado setor, vamos agir de acordo. Historicamente, isso foi questionado. Vamos acompanhar isso como uma bancada", disse.
Por sua vez, Salyn Buzarquis, do Partido Liberal, disse que as instituições paraguaias não funcionam e não são soberanas, mas são "subjugadas e sequestradas".
A senadora do Partido Democrático Progressista, Desirée Masi, disse que no Paraguai não há justiça independente e que o problema não é o embaixador dos Estados Unidos e suas entrevistas coletivas. “É o Ministério Público que deve investigar. O principal problema é o Ministério Público e o Poder Judiciário paraguaio. Se as instituições funcionassem, isso não ia ganhar tanta notoriedade”, disse.
As acusações
Ostfield informou em 22 de julho que Cartes havia sido adicionado à Lista Engel de políticos e empresários “significativamente corruptos” por obstruir uma investigação transnacional. "Cartes usou a presidência paraguaia para obstruir uma investigação envolvendo seu parceiro", disse Ostfield, referindo-se ao caso do cambista Darío Messer, que estava sendo investigado por corrupção no Brasil, estava foragido da justiça e foi preso no Paraguai.
Cartes e Messer são suspeitos de serem parceiros e que o ex-presidente o ajudou a esconder. Segundo o diplomata, essa associação “permitiu a Cartes participar de atividades corruptas, terroristas e outras consideradas ilegais pelos Estados Unidos”.
Em 12 de agosto, o vice-presidente Velásquez, acusado pelos Estados Unidos de ter oferecido um suposto suborno de mais de um milhão de dólares a um funcionário para obstruir um processo judicial, foi incluído na mesma lista.
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