Instabilidade no Reino Unido fortalece reivindicação das Malvinas, diz embaixador argentino
Presença colonialista do Reino Unido nas Malvinas é violação do direito internacional, afirma diplomata
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Sputnik - Em entrevista exclusiva à Sputnik Brasil, o embaixador Guillermo Carmona, secretário de Malvinas, Antártica e Atlântico Sul do Ministério das Relações Exteriores da Argentina, disse que o país tem reiterado e intensificado a reivindicação das Ilhas Malvinas e tem conseguido importantes apoios.
Carmona destaca a decisão recente da Organização dos Estados Americanos (OEA) que pede que o Reino Unido dialogue com a Argentina sobre a questão das ilhas. O apelo, feito na 52ª Assembleia Geral da OEA, realizada entre os dias 5 e 7 deste mês, acompanha uma série de resoluções da Organização das Nações Unidas (ONU) — em especial de seu Comitê de Descolonização — em favor dos argentinos.
"Os avanços que a Argentina tem conquistado se produziram com os apoios contundentes que a maioria dos países do mundo expressou em favor do cumprimento das resoluções da ONU", declarou. "A reticência do Reino Unido é notória e implica em uma violação flagrante do direito internacional", aponta.
O diplomata, que avalia a situação das Malvinas como um caso especial de colonialismo, aponta que tem apoio de todos os países de América Latina e Caribe e de potências como China, Rússia e Índia, além de distintos foros internacionais, como o G77 + China, o Mercosul e a Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC).
Crise no Reino Unido
Questionado pela Sputnik Brasil sobre o cenário de crise no Reino Unido, com as trocas sucessivas de primeiros-ministros e a mudança de reinado, Carmona acredita que a instabilidade britânica favorece as reinvindicações argentinas.
"Para a Argentina é muito importante levar em conta o que acontece no contexto internacional para [reivindicar] o exercício pleno de soberania [sobre as Malvinas]. [...] O Reino Unido está vivendo uma série de comoções políticas que tem que ver com uma instabilidade política expressada pelo fracasso de sucessivos governos conservadores e também com a morte da rainha [...] e, principalmente, [está lidando com] os aspectos que têm a ver com as tensões que o Reino Unido mantém com a União Europeia. [...] Ao Reino Unido não resta outra alternativa a não ser seguir o direito internacional", afirma o embaixador.
Para o historiador Fernando Castro, professor de história da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e pesquisador do Programa de Estudos Americanos (PEA) da UFRJ, é muito difícil que o Reino Unido decida se sentar para dialogar com a Argentina, apesar das decisões contrárias e da possibilidade de incorrer em violação do direito internacional.
"O avanço dessa pauta é extremamente difícil porque não é considerado uma questão central no jogo internacional. Não é algo que mexa com grandes interesses ou gere grande instabilidade política. Por si só, isso já explica porque é um tema tão difícil de discussão", disse o historiador à Sputnik Brasil.
O analista acredita que a crise do Reino Unido não deve impactar no avanço da discussão porque não enxerga a Argentina com força suficiente para mobilizar a comunidade internacional para pressionar os britânicos, apesar de importantes apoios.
"Ainda que tenha a questão [do apoio] da China, vejo muito mais a China pensando no campo estratégico diplomático. A China vem construindo ao longo dos últimos anos um protagonismo estratégico, não apenas comercial. Isso faz a gente entender por que a China tem pleiteado que as reivindicações argentinas sejam ouvidas, rediscutidas."
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