América latina

Governo do Equador rompe negociação com indígenas

O governo do Equador, comandado pelo presidente de direita, Guillermo Lasso, afirmou que "não voltaremos a dialogar" com o indígena Leonidas Iza

Presidente do Equador, Guillermo Lasso (círculo), e Leonidas Iza
Presidente do Equador, Guillermo Lasso (círculo), e Leonidas Iza (Foto: Reuters)


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Michele de Mello, Brasil de Fato | São Paulo (SP) - O governo do Equador suspendeu sua participação na mesa de diálogo com o movimento indígena, de maneira unilateral, nesta terça-feira (28). A justificativa foi a morte de um sargento das Forças Armadas durante enfrentamento com setores mobilizados na região da Amazônia equatoriana na madrugada de segunda-feira (27). As negociações, mediadas pela Igreja Católica, haviam iniciado na segunda-feira (27) entre representantes dos poderes Executivo, Legislativo e Eleitoral e cinco organizações indígenas.

"O governo não pode dialogar com quem pretende sequestrar a paz dos equatorianos", disse o presidente Guillermo Lasso em transmissão televisiva nacional. O mandatário faz referência aos enfrentamentos entre o movimento indígena e um comboio militar que fazia a escolta de caminhões carregados de combustível, que atravessavam a região amazônica de Shushufindi. Vídeos divulgados pela Confederação de Nacionalidades Indígenas da Amazônia Equatoriana mostram disparos por parte das Forças Armadas contra os indígenas.

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O sargento José Chimarro morreu e 12 soldados terminaram feridos após o incidente, segundo o governo. De acordo com levantamento da Aliança de Organizações de Direitos Humanos, houve cinco mortos, 313 feridos e 147 presos durante os 15 dias de greve geral.

"Nós demos resposta concretas às demandas dos nossos irmãos indígenas, mas não voltaremos a dialogar com Leonidas Iza, quem só defende seus interesses e não o de suas bases", declarou Lasso.

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O mandatário disse que só voltará a negociar com novos representantes dos setores populares e ainda acusou o presidente da Confederação de Nacionalidades Indígenas (Conaie), Leonidas Iza Salazar, de ser um "oportunista". Iza Salazar foi detido por 24h no segundo dia de greve, acusado de interromper serviços públicos e agora responde um processo em liberdade provisória.

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O presidente da Assembleia Nacional, Virgilio Saquicela (Pachakutik), assegurou que as negociações não estão perdidas e propôs uma nova reunião e outro formato de diálogo para as organizações indígenas. 

"Se não resolvemos através do diálogo, seguiremos com enfrentamentos amanhã. De maneira enfática digo que o diálogo continua", declarou Saquicela. 

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Em reposta, o líder da regional amazônica da Conaie, Marlon Vargas, advertiu "se hoje não se resolve isto vai virar um caos e o único responsável será o governo nacional, não nós, porque nós viemos".

 A Conaie, que convocou a paralisação no dia 13 de junho com uma lista de dez reivindicações, agora propôs três pontos de discussão: conformar uma comissão independente que investigue o confronto em Shushufindi, que consideram ser um "ato de provocação"; garantias do fim das ameaças e da manutenção dos diálogos. 

As federações indígenas exigem a redução de 40 centavos no valor dos combustíveis, congelando a gasolina a US$ 2,10 (R$10,90) e o diesel a US$ 1,50 (R$ 7,80). Também exigem a revogação do decreto executivo 95, que implementa a política de paridade de preços internacionais aos combustíveis - similar ao adotado pela Petrobrás -, e o decreto 151, que dá brechas para execução de mineração em territórios indígenas. Segundo a Confederação de Nacionalidades Indígenas do Equador (Conaie), cerca de 80% das terras demarcadas aos povos originários estão sob ameaça da mineração. 

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Na segunda-feira, o presidente Lasso havia anunciado um aumento de US$ 5 no Bônus de Desenvolvimento Humano pago a 1,5 milhão de famílias; suspendeu o estado de sítio em seis províncias; e anunciou a redução de 10 centavos de dólar no preço da gasolina (US$ 2,45 o galão de 4,5L) e do diesel (chegando a US$ 2,45 o galão), que no primeiro semestre do ano subiram 37% e 65% respectivamente. 

Nesta terça-feira (28), também se retoma a sessão parlamentar, que discute o pedido de destituição do presidente Guillermo Lasso. A proposta de impeachment foi apresentada na última sexta-feira (24) pela bancada da União pela Esperança (Unes), alegando "grave crise política". Para destituir Lasso, é necessário apoio de 92 dos 137 deputados, segundo meios locais equatorianos, a oposição já soma 80 votos.

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