Frutas latino-americanas que também são afetadas pelo conflito na Ucrânia
Para especialistas, "é um período difícil para os exportadores" e Argentina, Equador e Costa Rica estariam entre os afetados
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Sputnik - O conflito entre Rússia e Ucrânia condiciona as exportações de frutas para os dois países desde o Hemisfério Sul. Para especialistas, "é um período difícil para os exportadores" e Argentina, Equador e Costa Rica estariam entre os afetados.
Enquanto a Rússia é considerada um importante país receptor pela Associação de Exportadores de Frutas Frescas do Hemisfério Sul (SHAFFE), a Ucrânia tem um mercado menor.
"Maçãs, pêras e cítricas representam 80% do total de frutas frescas enviadas para o mercado russo", disse o secretário-geral da SHAFFE, Nelli Hajdu, no âmbito de uma atividade virtual em conjunto com especialistas da área.
O contexto internacional gera um clima de incerteza sobre a possibilidade de redistribuir a fruta que foi destinada à Rússia, definindo quais países poderiam recebê-la ou se ela poderia abastecer o mercado local.
Em meio a problemas de logística, detenções de navios, mercadorias que não chegam ao seu destino, além da alta de preços de contêineres e congestionamento portuário, é "muito difícil saber como vai se desenvolver a temporada, é uma temporada de sobrevivência", disse Hadju.
Mas a operação militar realizada pela Rússia em solo ucraniano não é o único fator que afeta o mercado internacional, já que a pandemia de COVID-19 contribui para aumentar esse problema.
De acordo com o delegado geral da Freshfel Europe, Philippe Binard, o aumento dos preços dos insumos e logística impactam nos preços finais. O novo conflito acrescenta “impactos na produção e exportação, derivados da esperada escassez de fertilizantes e madeira para paletes, produtos que vêm principalmente da Rússia e da Ucrânia”.
Por isso, é complexo fazer previsões sobre a temporada, considerando que custos, disponibilidade de mão de obra e certificações também foram afetados.
Como consequência, os custos aumentaram entre 10% e 15% em meio à queda do poder aquisitivo dos consumidores que, além disso, diminuíram o consumo de frutas e hortaliças.
Europa não conseguirá absorver o que não é vendido
Para os especialistas, o mercado europeu poderá sofrer um forte impacto devido à redistribuição dos embarques realizados.
"A Europa não tem capacidade para absorver cerca de 9,5 milhões de toneladas se esses volumes (destinados à Rússia, Ucrânia e Bielorrússia) forem redistribuídos para cá. O mercado europeu não conseguirá absorvê-los. Estamos em um momento em que todos têm que ser muito responsáveis sobre para onde vão seus produtos e como será a redistribuição no mercado mundial", disse Binard.
O representante alertou que apenas as maçãs têm um excesso de estoque de 3 milhões em relação à temporada anterior.
Em 2020, o Hemisfério Sul exportou para vários países em conflito. A Ucrânia importou 795 milhões de dólares de frutas frescas e Equador e Costa Rica foram seus fornecedores de bananas e abacaxis — 7% das importações totais da Ucrânia.
Enquanto isso, na Rússia, as importações dos países membros da SHAFFE representaram 17% do total de produtos in natura do país, segundo o portal da Associação de Exportadores de Frutas do Chile (Asoex).
Para os países que compõem o SHAFFE, maçãs, peras e cítricos representam 80% do total das exportações. África do Sul e Argentina são os principais fornecedores desse mercado, portanto, os que podem ser mais afetados.
Enquanto isso, na Rússia, tanto os produtores quanto os importadores estão enfrentando complicações tanto no transporte — devido a requisitos robustos de pré-pagamento — quanto na dificuldade de efetuar pagamentos através dos bancos do país. Além disso, muitas empresas se recusam a participar de empresas russas e o rublo continua a se depreciar.
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