Capa da Time, Boric critica experiências socialistas do século 20: "falharam"
A revista americana exalta a "novidade" representada pelo presidente chileno e o descreve como um modelo para a América Latina, distante da tradição da região
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247 - A capa da mais recente edição internacional da revista americana Time é o presidente chileno, Gabriel Boric, objeto de um extenso perfil na publicação. Nele, o jovem líder é apresentado como a "nova guarda" tanto para a esquerda em seu país como na América Latina.
A Time exalta a "novidade" representada pelo presidente chileno, retratado como mais próximo da social-democracia europeia que da tradição da esquerda latinoamericana.
"Uma geração mais velha de esquerdistas latino-americanos, incluindo muitos ainda ativos hoje, muitas vezes fizeram sacrifícios preocupantes – desconsiderando o meio ambiente, a democracia ou os direitos humanos – em busca de uma sociedade socialista. Boric diz que essas questões são uma parte central de sua ideologia progressista. E embora tenha se tornado famoso no Chile aos 20 anos como um líder estudantil radical e de cabelos desgrenhados, o Boric de hoje não é um incendiário – mesmo que alguns queiram que ele seja. 'Acho que, como sociedade, devemos aspirar a formas de organização que vão além do capitalismo, mas não é como se eu pudesse dizer 'o capitalismo acaba hoje', diz Boric, batendo na mesa com os nós dos dedos, em uma breve imitação de figuras militantes", escreve a Time.
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Na entrevista, Boric diz acreditar que as experiências socialistas do século 20 "falharam". "Pode ser verdade que o Partido Comunista do Chile componha um quinto da coalizão de Boric na câmara baixa do Congresso. Mas o próprio presidente pertence ao Partido da Convergência Social, mais de centro-esquerda, e suas aspirações estão mais próximas da social-democracia de estilo europeu. 'Não vejo um Estado controlando tudo como nos socialismos do século 20, que falharam', diz. 'Temos que nos responsabilizar por esse fracasso'".
O perfil continua, citando críticas de Boric às experiências socialistas na América Latina: "Profundamente marcado pela memória do regime Pinochet, Boric fala abertamente sobre as violações da democracia e dos direitos humanos – sejam eles de direita ou de esquerda. Ele criticou líderes de extrema esquerda em Cuba, Venezuela e Nicarágua que abraçaram o autoritarismo – uma ruptura com os esquerdistas mais velhos da região, que tendem a manter silêncio sobre os abusos de seu próprio lado. Essa atitude frustra Boric, ele diz com um suspiro. 'Não posso ficar indignado quando os direitos são violados na Palestina, mas não na Nicarágua, porque quando a defesa dos direitos humanos é parcial, perde legitimidade. No Chile, vamos fazer as coisas de forma diferente'".
"Boric também tem amplo poder discricionário sobre a política externa. Ele diz que quer reorientar as relações regionais para longe das alianças ideológicas do século 20, em direção à cooperação na ação climática. Um dos principais objetivos é unir a América Latina 'sob uma só voz' para pressionar os países mais ricos a reduzir suas emissões mais rapidamente. Isso pode incluir 'condicionar as exportações de matérias-primas ou energia limpa a mudanças no comportamento de consumo nos países mais desenvolvidos', diz ele. (O Chile detém grandes reservas de cobre e lítio, essenciais para tecnologias renováveis como carros elétricos.) Ele quer participar da conferência climática da ONU em outubro no Egito para iniciar essas discussões, diz ele. 'Todo mundo tem uma responsabilidade, mas alguns são mais responsáveis do que outros. E temos que exigir que eles cumpram os deles'", acrescenta a revista Time.
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