O episódio das imagens do vídeo sigiloso do quarto andar do Palácio do Planalto expôs forças que trabalham para, de dentro de estruturas das estruturas do Estado, comprometê-lo com a narrativa de ter patrocinado a intentona de 8 de janeiro.
Nos porões das redes e no Parlamento o bolsonarismo já vinha esposando essa tese extravagante.
Sem sucesso, apelaram para o uso de um vídeo, até então sigiloso, fornecido por membros do seu esquema e manipulado pela TV CNN, uma marca estadunidense, com a intenção de transfigurar os acontecimentos daquela tarde no Palacio do Planalto e assim lograr envolver o governo.
A meta era tumultuar e inverter o cipoal de responsabilidades que leva ao âmago do bolsonarismo.
O governo agiu rápido e bem ao substituir o ministro do GSI, Gonçalves Dias, o GDias, que não comunicou o presidente de sua presença no Palácio no dia da invasão, e nem sabia da existência das imagens que agora emergiram.
Também operou corretamente ao decidir, diante do novo quadro, passar a apoiar a abertura da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito dos atos de 8 de janeiro.
Esta passou a ser encarada como uma instância de disputa política com o bolsonarismo. A meta é usar a comissão para desnudar os organizadores e financiadores da tentativa de virada de mesa.
A partir deste episódio do vídeo, vazado no Dia do Exército, o governo dispunha de diversas alternativas diante de si, e optou pela mais cautelosa, a que menos impacto teria sobre outras áreas do arranjo de sustentação do governo.
Transferiu atribuições e encarregou o ministro interino, Ricardo Cappelli, de avaliar outras mudanças no GSI, que pode até mesmo vir a ter seu nome alterado.
Há que manter o foco na pauta de temas cruciais para o sucesso da gestão recém-iniciada esperando exame do Congresso. O governo certamente dispõe, agora mais do que antes, das informações para agir, mas espera-se que o faça com a prudência e a sabedoria que a situação requer.
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